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domingo, 11 de março de 2012

Das construções de um personagem. (I) - por PEDRO PAULO

Ela sempre fala de si. Acostumada a mostrar-se forte, mais do que ser forte, ela sempre viveu a vida dela da maneira que a agradava. Tinha um certo domínio sobre as pessoas. Sempre via tudo ao seu redor de uma outra forma. Quebrava os protocolos dentro de si e se perguntava como que as pessoas não conseguiam fazer isso. "Tudo é tão simples - pra mim, ao menos" - dizia. Eu realmente tentei entendê-la, decifrá-la... Mas por trás de cada história cercada de enigmas as portas de resposta aos mistérios ia ficando cada dia mais mal iluminada.

Essa simplicidade assusta. Às vezes a maneira como ela encara as situações, suas construções, suas reações - assim, tudo rimado, meio torto, meio gauche. Ela se guia de uma maneira meio errante. Levanta seus caminhos indo na contramão, enxerga o mundo como uma grande obra de arte onde ela pinta cada passo com os pés, mãos, cabeça. Seu corpo é um grande pincel, sua vida passa por ela como um grande pedaço de papel a ser pintado em aquarela com suas misturas e nuances mais loucas.

Seus olhos nos encaram como quimeras. Nunca sabe o que queres, nem que quereres. Sua vida fugidia, Suas grandes noções da vida sempre a deixaram muito confiante. Até que um dia ela esbarrou num vetor que não estava no controle dela, apesar de todos os mecanismos externos. De repente dos papéis se fizeram micro espelhos, onde via seu rosto refletido sobre todos os pequenos pedaços de vidro brilhantes. E nesse instante algo misterioso aconteceu: ela encontrou uma porta aberta.

E essa porta aberta dava as caras ao mistério do mistério sobre si mesma.

Pedro Paulo é estudante, escritor, pensador nas horas vagas e poeta quando a inspiração vem. Há 14 anos vive na Bahia, terra que o inspira e onde nasceram seus primeiros versos. Escreve atualmente no blog www.pedropaulo.blogspot.com