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terça-feira, 13 de março de 2012

Temporada Verão Cênico levou mais de 9 mil pessoas ao teatro


Avaliação coletiva do projeto aponta foco na formação de plateia e importância da ampliação de recursos para a iniciativa

No último dia 5 de março, no auditório do Conselho de Cultura da Bahia, foi feito um encontro de avaliação da Temporada Verão Cênico, uma realização que, de 5 de dezembro de 2011 a 29 de fevereiro de 2012, promoveu um total de 180 apresentações teatrais em Salvador e em cinco cidades do interior baiano. A programação levou aos teatros da Bahia mais de 9 mil espectadores, numa ação que envolveu cerca de 130 artistas em 34 espetáculos de palco, além de 34 grupos de teatro amador e 10 grupos de teatro de rua, que fizeram encenações em espaços diversos, somando ainda mais números à quantidade de público alcançado.


A Temporada Verão Cênico, executada como um projeto-piloto pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) e Centro de Cultura Populares e Identitárias (CCPI), nasceu a partir de demandas apresentadas pela sociedade em reuniões de discussão sobre o Teatro da Bahia e teve seus resultados debatidos com a classe artística para o aprimoramento das futuras edições.

Aberto ao público e com a presença da diretora da FUNCEB, Nehle Franke, do diretor de Artes da FUNCEB, Alexandre Molina, do ex-coordenador de Teatro da FUNCEB, Elísio Lopes – então responsável pela execução do projeto –, o encontro reuniu cerca de 60 participantes, entre gestores de teatros, produtores, diretores e artistas, envolvidos e não-envolvidos com o projeto, inclusive pessoas vindas do interior. A participação representativa, com nomes relevantes do teatro baiano e instituições a ele vinculadas, consolidou a importância da avaliação para a melhoria das ações planejadas.

A FUNCEB apresentou aos presentes um levantamento de informações sobre a Temporada Verão Cênico 2011/2012. Além dos conteúdos que justificaram e abalizaram a criação do projeto e dos seus desdobramentos, foram expostos dados e opiniões do público que frequentou a programação, recolhidos em entrevistas feitas nos locais de apresentações.

Na capital, os espectadores foram, em sua maioria, jovens adultos, entre 21 e 30 anos, que não necessariamente moravam na região dos teatros, atraídos especialmente pelas peças que seriam encenadas; já no interior, a proximidade dos centros de cultura que abrigaram os espetáculos e o valor do ingresso, a R$ 1,00, foram os fatores mais relevantes de comparecimento para um público que equiparadamente se dividiu nas diversas faixas de idade. A grande maioria de todo o público, destacadamente do interior, considerou como “ótima” a questão do preço popular, bem como foi praticamente unanimidade a aprovação pela continuidade do projeto.

A FUNCEB também listou os pontos que já estão pautados para serem revistos: qualificação de ações para a formação de plateia, bem como ampliação do orçamento, dos valores de cachê, do número de apresentações e da circulação de espetáculos entre cidades – nesta edição, sete espetáculos de Salvador circularam em outros municípios, dois espetáculos do interior se apresentaram na capital e mais seis espetáculos do interior itineraram em outras cidades.

Estão ainda planejadas a realização de chamadas públicas também para o teatro amador e teatro de rua e a aplicação de uma pesquisa de público e resultados qualificada. Além do mais, estão sendo pensadas formas de incentivo a desdobramentos a partir do projeto, tais como os já ocorridos nesta primeira experiência, como o amostrão de teatro de rua, realizado por todos os grupos de teatro de rua participantes, a iniciativa do Centro de Cultura de Porto Seguro de incluir o teatro amador na sua programação e a continuidade de sessões de espetáculos com ingresso a preço popular nas quartas-feiras, em Vitória da Conquista e Valença.

No debate que se seguiu, destacaram-se as questões da utilização do valor de R$ 1,00 para ingressos e sua efetividade como estratégia de formação de plateia, com opiniões que se equilibraram na defesa e no desacordo a esta prática; a necessidade do aumento dos cachês e da inclusão de outros espaços no projeto, na capital e no interior; a divulgação e o período de execução da temporada, com sugestão de que se encerre antes do carnaval.

Mais sugestões foram a inserção de outras linguagens artísticas na programação; a consolidação de parceria com os municípios, tendo as prefeituras como apoiadoras e promotoras de divulgação local; registro sistemático das apresentações em fotos e filmes; valorização dos atores e diretores nas ações de comunicação, que devem ainda privilegiar as comunidades mais carentes, dentre outras.

Tendo o reconhecimento de que a proposta da Temporada Verão Cênico é válida e deve ser continuada, pretende-se, portanto, que o projeto tenha novas edições ainda mais eficazes nos propósitos de difundir e fortalecer o Teatro da Bahia.

Sobre a Temporada Verão Cênico – A Temporada Verão Cênico foi concebida com o objetivo de estimular a difusão, a diversidade, a acessibilidade e a atuação em rede do teatro baiano, em seus diversos formatos. Com esta ação, uma mostra da produção teatral contemporânea da Bahia, tanto do teatro profissional quanto do teatro amador e de rua, foi introduzida no calendário do verão, somando-se às opções das artes cênicas já realizadas no período. Assim, o projeto buscou consolidar o mote de que “de segunda a segunda, tem Teatro na Bahia”, fortalecendo as atividades deste cenário e, através de uma campanha de incentivo e de ações de comunicação, dando visibilidade ao teatro baiano como uma opção de cultura durante a estação.

Outro objetivo do projeto foi o de fomentar a relação entre artistas e espaços culturais, atendendo ao interesse de estruturar uma rede produtiva sólida, em que as casas de espetáculos reforcem seus perfis diversificados e atuem também como programadores culturais. Para tanto, a FUNCEB consolidou parceria com 10 espaços culturais do estado, tanto públicos quanto privados: na capital, o Espaço Xisto Bahia, Sala do Coro do TCA, Teatro Gamboa Nova, Teatro Módulo e Theatro XVIII; no interior, o Centro de Cultura Amélio Amorim (Feira de Santana), Centro de Cultura Antônio Carlos Magalhães (Jequié), Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima (Vitória da Conquista), Centro de Cultura de Porto Seguro e o Centro de Cultura Olívia Barradas (Valença).

A lista de espetáculos que participaram da Temporada Verão Cênico foi montada através de seleção por edital público, lançado pela FUNCEB em setembro passado. Foram contabilizadas 96 propostas de espetáculos de todo o estado, analisadas por uma comissão de seleção formada por representantes do Estado, do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado da Bahia (SATED-BA) e de cada um dos espaços culturais envolvidos. Os 34 selecionados se dividiram em duas categorias. Na primeira, “Temporada Pelourinho”, três montagens se apresentaram nas segundas-feiras de dezembro, janeiro e fevereiro no palco do Largo Quincas Berro d’Água, no Pelourinho, gratuitamente. O retorno do teatro ao Centro Histórico de Salvador atendeu à demanda da comunidade e dos comerciantes da região, diversificando e requalificando o uso dos largos do bairro. Na segunda categoria, “Quarta-Feira a R$ 1,00”, 31 peças foram encenadas às quartas-feiras de janeiro e fevereiro, nos espaços culturais que integraram o projeto, com ingressos ao valor simbólico de R$ 1.

A Temporada Verão Cênico integrou também o teatro amador e o teatro de rua, ampliando o alcance do projeto para além dos espetáculos selecionados pelo edital. A Mostra Faça a sua Cena promoveu apresentações de 34 grupos amadores em cenas e peças curtas em diversos locais de Salvador e nos foyers dos teatros da capital, antes das sessões dos espetáculos profissionais, e de 10 grupos de rua, em performances em ruas e festas populares de Salvador. A seleção destes trabalhos foi feita pela comissão organizadora do Festival de Teatro Amador da Bahia (Centro Cultural Ensaio), pela Rede Encena Salvador e pelo Movimento de Teatro de Rua da Bahia.