Renascimento
Representando a era da autonomia a Renascença
valorizou a individualidade criativa, o que permitiu um salto muito grande no
desenvolvimento das ciências e das artes com seu berço na Itália. Marcado
tradicionalmente pela inquietude a arte teatral encontrou novamente no
Renascimento a brecha que buscava, pois partir desse período volta a se fixar
no prédio teatral, além dos grupos tradicionais que perambulavam com seus
carroções de um lado para outro.
Nesse período,
surge Gil Vicente (1465? -1536?)
e suas surpreendentes obras, entre farsas e Autos, como a “A farsa de Inês Pereira” e “Auto da Lusitânia”, apesar do
fervor religioso de Portugal, adotam um ponto de vista feminino. O aumento
demográfico das cidades contribuiu para a expansão dos teatros e a criação de novos espaços para a representação,
distantes dos olhares severos da igreja. Com essa renovação os novos autores
influenciaram-se nos textos clássicos gregos e romanos, como foi o caso de
Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos maiores filósofos do “século de ouro”,
autor de “A Mandrágora” ele procurava deixar em evidência as contradições
sociais de forma cientifica. Ele escreveu também textos didáticos e
literários como, por exemplo, “Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio”
e “O Príncipe”.
Na Itália cria-se
o palco italiano que possui balcão, frisa e foyer
(espaços verticais), o palco proporciona basicamente uma relação frontal da
plateia com os atores e o cenário com traços de perspectiva. Esse modelo de
palco foi adotado por na maioria dos teatros do mundo, inclusive no Brasil de
hoje.
Surge
nos meados do século XVI a Commédia dell´Arte, um gênero irreverente de se fazer comédia surge e que atinge seu apogeu no século
XVII, declinando a partir do século XVIII. Ademais a Commedia dell’arte
é vista por muitos estudiosos como a fonte de inspiração para o sucesso de
Shakespeare, percebida nas entrelinhas de alguns de seus textos, como por
exemplo, a comédia “Alegres Comadres de Windsor”.
A Commedia dell’Arte é uma verdadeira resenha
cômico-popular, tradicionalmente oriunda desde a Antiguidade clássica, provavelmente originárias das fábulas atelanas e nos tipos fixos plautinos,
mesclando elementos da cultura popular medieval, fundamentada na improvisação que se baseava no
Canovaccio (roteiro), auxiliado pelos Lazzi, pequenos
interlúdios usados na maioria das vezes por Arlequim. São personagens fixas com características essenciais - o profissionalismo, a itinerância, o
uso de máscaras e a habilidade improvisacional, dividida em três categorias:
· os Zanni (criados) - Arlequim, Briguela,
mascarados e comicamente “ingênuos”;
· os Vecchi (velhos) - Pantaleone, Dottore,
Capitano (anti-herói) mascarados e comicamente sarcásticos;
· os Innamorati
(enamorados) – sem máscara, contrapondo a comicidade das peças.
Renascimento
Inglês
Na Inglaterra cria-se o octogonal, com três
galerias verticais, batizado de palco elisabetano em homenagem a Rainha
Elisabeth I (1558 – 1603) que fomentou o teatro por entender o valor
da cultura e da educação em seu país. Foram erigidos três importantes teatros
nessa época - The Globe, The Theatre e The Rose, ao mesmo tempo em que o crivo
religioso desaparecia quase que por completo,
dando a liberdade para autores como o gênio William
Shakespeare (1564 - 1616) para escrever temas polêmicos, dentre
eles Hamlet, cuja trama mostra um jovem príncipe inquieto quanto a morte
inexplicável do Rei da Dinamarca, seu pai, levando-o questionamentos e
indecisões, onde ele se indaga: “Ser ou não ser, eis a questão”. Em Romeu e
Julieta, o autor confronta os paradigmas sociais que ditavam regras para o
enlace matrimonial. Após a morte de Shakespeare, os teatros ingleses fecharam
as suas portas por causa da eterna guerra dos puritanos, que mais uma vez na
história o teatro seria acusado de instrumento de satanás. Após vinte anos os
teatros reabririam suas portas, apresentando peças de George Eterege (1634 –
1691) e John Dryden (1631 – 1700).
Barroco
Espanhol
Em
paralelo a capital da Espanha já transpirava o sucesso de companhias de teatro.
A grande influência eclesiástica fazia-se presente em algumas obras europeias,
como no texto “O Auto da Barca do Inferno” do português Gil Vicente e, entre os
espanhóis podemos citar Tirso de Molina (1584 – 1648), Lope de Vega (1562 –
1635) e Miguel de Cervantes (1547 – 1616), autor de “Numância” e “Dom Quixote”, Calderón de La Barca (1600-1681), com mais de duzentas obras escritas. Há nesse ínterim uma reestruturação com o espaço tempo das peças,
tornando-as mais enxutas. As modificações incomodaram os mais
tradicionais, como Cervantes, por exemplo. Ele foi irredutível e manteve sua
estética. Com espetáculos mais curtos a Comedia
Nueva apresentava-se diversas vezes numa mesma localidade. Com a
simplicidade dos cenários mambembes atingia um número maior de espectadores por
se apresentar diversas vezes na mesma localidade em um espaço de tempo menor do
que os espetáculos tradicionais. Mesmo com essas mudanças a comédia erudita
não conseguiu atingir a plebe espanhola e italiana, tanto pela situação econômica,
quanto pelo nível de compreensão. Desta forma, deu abertura para a ascensão da
Commedia dell’Arte, designada como “O Teatro do Povo”.
Classicismo
Francês ou Neoclassicismo
Enquanto
isso na França, sob os auspícios do Rei Sol, Luiz XIV, alguns dramaturgos
altamente conservadores criticavam as inovações renascentistas que não se
utilizavam da Poética de Aristóteles. Os autores Corneille (1606 – 1684),
Racine (1639 - 1699)
e outros, receberam carta-branca dos críticos. A nobreza francesa lotavam os
teatros com suas extravagastes roupas chiques e perucas enormes. Durante os
doze últimos anos de sua vida, Jean Baptiste Molière (1622 – 1673) conquistou o
requintado gosto de Luiz XIV e o prestígio da corte de Versalhes. Molière não
ia de encontro com o autoritarismo, de forma que logo conseguiu seu espaço nos chiques
salões da corte e nos teatros. No entanto, ele era um crítico que colocou em
xeque alguns conceitos fortemente enraizados na época, como em “O Misantropo”, “Don
Juan” e “O Burguês Fidalgo”, onde tece fortes críticas sociais. Já em
“O Tartufo”, Molière mexe com os brios dos clérigos, causando certa apatia por
parte da igreja.
Bob
Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da
USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC,
professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as
quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com
Bibliografia
BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro;
tradução J. Guinsburg, Clóvis Garcia, et
alii. 1ª Ed. São Paulo, Perspectiva, 2001.
GASSNER, John. Mestres do Teatro I; tradução
e organização de Alberto Guzik e J. Guinsburg, 3ª Ed. São Paulo, Perspectiva,
1997.
PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro;
tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia
Pereira. São Paulo, Perspectiva, 1999.
TOZZI, Devanil, et alii. Teatro e Dança:repertórios para a
educação – linha do tempo, v.1. São Paulo, FDE, 2010.