Eu poderia escrever sobre mim, mas vou escrever sobre você. E você pode
ser qualquer pessoa. Você odeia essa sensação que te aperta o peito à
espera de. É estranho, pois tudo começa da mesma forma: alguns olás, sua
vida escapando por entre os dedos, mãos que se falam juntas e de
repente você está ali, de frente pra alguém, alimentando-se em doses não
tão homeopáticas assim de outra pessoa.
Por vezes ainda não aconteceu nada, só aquele leve cortejar, ou sinais
que passam despercebidos no seu grupo - mas não entre vocês dois. É como
se naquela fração as almas entrassem em contato e se dispusessem uma à
outra, como se permitissem àquela sensação forasteira adentrasse seus
pedaços iniciando um pequeno processo de construção conjunta, de uma
obra de arte silenciosa, feita à dois.
Esse momento é o de maior angústia. O permitir-se construir com alguém,
sabe? No início você acha engraçado, diferente, mas de repente te
invade, e te põe à volta com suas cicatrizes e seus medos e suas
paranóias. A possibilidade de de ser feliz se torna ponto de
preocupação. Saber que você pode se envolver, e de repente - BOOOM - do
êxtase, do prazer, da euforia ao caos, à ira, à loucura - tanto
construtiva quanto destrutiva. E aí?
E aí que a felicidade é assustadora. Apesar de aguardada, apesar de
ansiarmos por ela, o poder que essa possibilidade tem de mexer com o
nosso interior é absurda. É uma quimera. Decifra-me ou devoro-te, sem
meias palavras. Tem uma porta se abrindo, baby... Vai encarar?
Pedro Paulo é estudante, escritor, pensador nas horas vagas e
poeta quando a inspiração vem. Há 14 anos vive na Bahia, terra que o
inspira e onde nasceram seus primeiros versos. Escreve atualmente no
blog www.pedropaulo.blogspot.com
fonte da imagem: http://catapop.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html