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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ser professor – por BOB MONTELEONE


Através da educação sempre obtive acesso as informações que contribuíram para meu desenvolvimento, apontando-me os caminhos à serem percorridos, instrumentalizando-me para superar os desafios propostos e que ao serem superados esse mecanismo nos incita a buscar novos conhecimentos, gerando desafios ainda maiores e que nos empurram a seguir em diante, provando dessa forma que a educação possui um mecanismo que nos mantém inquietos, saciando momentaneamente nossa mente ao preencher lacunas de dúvidas ao mesmo tempo que estimula nosso “apetite” mental, levando-os a nos questionar novamente, criando assim infindáveis lacunas.
Isso demonstra que estamos em constante evolução, construindo permanentemente os conhecimentos que nos circunda, e que passam por constates mudanças.


O meu contato com a cultura se deu através da educação, o que me proporcionou um contato com o pensamento artístico; quem diria, há algum tempo atrás, cursava o colegial técnico em contabilidade, e hoje, estou formado em artes cênicas, com uma carreira que caminha paralelamente à área do lazer, pós-graduado em docência de turismo, hotelaria e lazer para o ensino superior. O que será que me aguarda? “Tudo que sei é que nada sei”, como já dizia Sócrates.

Sou grato à Escola Técnica Municipal a qual freqüentei, por ter tido ela um papel importante na minha escolha, pois, nessa mesma escola havia sempre uma grande preocupação com o envolvimento dos alunos nas atividades culturais da escola, dentre elas, a fanfarra, as famosas gincanas culturais que mobilizavam o município, etc. Mesmo sendo muito rígidos dentro de sua característica tecnicista, dava uma grande abertura para o aspecto de uma formação integral do indivíduo no seu meio social, instigando os alunos na busca de outros caminhos complementares necessários à formação de um profissional para o novo século, o século da comunicação, possibilitando dessa forma que o aluno não se importasse apenas aos detalhes técnicos da formação de um profissional competente, mas que estivesse sensível as questões sócio-culturais. Foi dessa forma que contribuiu para que eu tivesse um envolvimento com a cultura, vindo a atuar mais tarde no meio teatral, onde em um passo seguinte dei continuidade a carreira artística, envolvendo-me ainda mais com o teatro ao participar de um grupo de uma ONG, onde também ministrei algumas oficinas de teatro para iniciantes, e, comecei a perceber nos participantes durante o processo de ensino-aprendizagem os indícios de pequenas mudanças.

Dessa forma me enveredei para os caminhos da arte-educação, percebendo a partir de então que essa seria a causa que abraçaria para a minha vida. Foi então que decide fazer licenciatura em artes cênicas, pois me sentia muito limitado para a prática docente, foi dessa forma lecionei em oficinas ligadas as Secretarias de Cultura do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, além de lecionar no Estado como professor de Educação Artística e em ONGs, como oficineiro de teatro e educador social, onde ministrei muitas aulas como voluntário, sempre lidando com um público variado nas mais diversas faixas etárias. Adoro trabalhar com conteúdos de teatro, educação ambiental, turismo, deste último em específico o lazer, são temas que permeia meu cotidiano e meu modo de pensar. Sempre me preocupei com o desenvolvimento do ser humano como um todo, pois acredito que esses trabalhos se inter-relacionam e contribui para a formação de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável.

Assumir o “fardo” de educador é admitir antes de tudo que se tem uma grande responsabilidade para com o próximo, desejando uma sociedade melhor, sendo um agente de transformação, um ser politizador que tem por ideal contribuir com a mudança da atual conjuntura social, onde o tecido social encontra-se esgarçado.

É muito difícil falar sobre a realização de um educador com as grandes mudanças que precisam ocorrer na humanidade, temos que encarar que estamos dando nossa contribuição, colocando nosso tijolinho, pois, se pensarmos que vamos mudar tudo sozinho, certamente desanimaríamos no meio do caminho, por isso temos que entender que nossas contribuições paulatinas e incessantes é que vão apontar um novo rumo à humanidade. As recompensas como educador aparecem como pequenas fagulhas, quando, por exemplo, algum educando muda sua atitude ou comportamento quer seja no ambiente escolar, ou no seu âmbito social. Devemos estar muito atentos, pois as palavras comovem, mas os exemplos arrastam, somos espelhos. Como diz as palavras de Gandhi: “Temos que ser a mudança que queremos para o mundo”. Não é apenas com uma atitude que vamos mudar o mundo, serão as atitudes multiplicadas por nossos educandos, isso se dá porque nós seres humanos somos passíveis de mudança, pois temos o privilégio de construir permanentemente nosso conhecimento.

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Bob Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC, professor, diretor teatral e educador ambiental. Ministra cursos e oficinas de teatro por toda região sul baiana. 

Todas as semanas ele escreve sobre Teatro Educação aqui noEUVEJOARTE.blogspot.com  








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