No não tão longínquo ano
de 1944, exatamente no dia 18 de setembro, nascia, na Rua Carneiro da Rocha 55,
aqui em São Jorge dos Ilhéus, Pedro Augusto Vital Mattos, ou seja, no mundo
artístico Pedro Mattos, e para seus amigos Pedrinho, que era o terceiro filho
do casal Carlos Frederico Monteiro de Mattos e Aurora Vital Mattos, sendo seus
irmãos mais velhos, Luciano Carlos e
Lúcia Maria.
Estudou no Instituto Municipal
de Educação, IME, onde concluiu o curso ginasial, fez o científico no Colégio
Manuel Devoto em Salvador e o clássico no Severino Vieira. Frequentava como
ouvinte as aulas de teatro na Escola de Teatro, no bairro do Canela. Estimulado
pelo teatrólogo Alberto D’Aversa foi estudar teatro em São Paulo, onde fez o
Curso Livre de Teatro na Faculdade de Comunicação Social Anhembi, em 1973, onde
fundou o Grupo de Teatro Anhagá e dava aulas de arte dramática. No mesmo ano
fez o Curso de Criatividade promovido pela ECA/USP. Em 1974 o curso de
Publicidade e Teatro na Escola Superior de Propaganda e Marketing, e Teatro do
Oprimido na Faculdade Álvares Penteado. Em 1976 Curso de Dinâmica
Infanto-Juvenil, promovido pelo Instituto de Educação Integral, e curso de
Mímica com Ricardo Bandeira em 1977, em 1978 “Dinâmico do Ser” pelo Instituto
de Educação Integral e USP. Todos estes quando morava em São Paulo, onde além
de teatro, fazia também cinema e televisão.
Voltando a morar em Ilhéus fez o
“Projeto Chapéu de Palha” ministrado pela atriz Jurema Penna; curso de “Direção
Teatral”, com Antônia Adorno e o “Curso de Comunicação e Arte”, na Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC). Também fez o curso de “Relações Humanas”, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1972.
Na Escola de Música e Artes
Cênicas de Belo Horizonte fez o curso, “O Canto no Teatro”, em 1980.
Durante dois anos, 1974 – 1976,
participou de várias atividades como ator, participou da peça “Palhaços” de
Timochenco Wehbi, produzida pela Temporal Produções Artísticas, com a direção
de Fausto Fuser, percorrendo todo o Brasil numa campanha promovida pelo SNT –
Serviço Nacional de Teatro. Em 1979 “A Cantora Careca”, de Ionesco, com
produção da Faculdade de Comunicação Anhembi; “Som Lixo Luxo ou Transa Nossa”,
criação coletiva apresentada na Sala de Bolso do Teatro Ruth Escobar, em 1970; “Barela”,
de Plínio Marcos, produção da faculdade de Comunicação Anhembi em 1970; “A
Morta”, de Oswald de Andrade, um estudo coordenado por Miriam Muniz, em 1976; “Um
pedido de casamento” e “O Urso”, ambos de Anton Tchekhov, com produção do grupo
Anhangá; “Daniel, Capanga de Deus”, filme de João Batista Reimão Neto, com
Regina Duarte e Arduino Colassanti, em 1976/77; “O Balão da Alegria”, infantil,
de Fausto Fuser e Sérgio Sá, em 1978/79.
Em 1979, por problemas de um
câncer na garganta, retornou a Ilhéus onde desenvolveu muitos trabalhos no
teatro amador, como também em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo
Horizonte e por ai a fora.
Em Ilhéus participou de várias atividades:
“A Bruxinha Que Era Boa”, de Maria Clara Machado, direção de Eliane Sabóia, em
1960 e em 2000; “Essa agora, Mister Esso”, no Teatro Popular de Ilhéus, em
1961/62; ”Zé da Silva, homem livre?”, também pelo Teatro Popular de Ilhéus, em
1963/64; “Enfim Sós”, comédia de Daniel Rocha, direção de Antonieta Bispo, apresentada
no Clube Cruz Vermelha em Salvador, em 1965; “O Boi e o Burro a Caminho de Belém”,
de Maria Clara Machado, com direção de Équio Reis, nas escadarias da Catedral
em 2000; “Paixão de Cristo”, no papel de Herodes, com direção de Équio Reis, no
Estádio Municipal de Itabuna, em 1966.
Também tomou parte de vários espetáculos de
dança (balés): “Copélia”, participou como ator no papel do Dr. Copélio, com
direção de Tânia Agra, pela Escola de Balé de Ilhéus, em 1987; “A Chorus Line”,
no papel do “Diretor”, pela Academia Transforma, sob a direção de Mônica
Tavares, em 1989; “O Circo” também pela Escola de Ballet de Ilhéus, com direção
de Tânia Agra, em 1990; também participação em “O Quebra Nozes” com direção da
mesma em 1991; “Cidadão Jesus” (Via Sacra), no papel de Pilatos, com direção de
Ramayana Vargens, no Instituto Nossa Senhora da Piedade, em 1995/96; “Copélia”,
novamente, no papel de Copélio, mas com direção de Luciana Kruschewsky, em
1996.
Em 1992/93 participou da novela
“Renascer”, da Rede Globo, rodada em Ilhéus.
Foi diretor da “Companhia
Talentos da Terra”, na Casa dos Artistas, onde foi professor do hoje conhecido ator
Fábio Lago. Participou do “Projeto Chapéu de Palha” criado pela atriz Jurema
Penna, promovido pelo DECAR, da Fundação Cultural do Estado da Bahia,
percorrendo várias cidades da região, Ipiaú, Coarací, Teixeira de Freitas,
Itacaré, Itamarajú, Prado, Itabuna, Ibicaraí e muitas outras; Professor titular
da cadeira ”Folclore” no Curso Técnico de Turismo e Professor de Teatro para
alunos do 2º grau do Colégio Nossa Senhora da Vitória; Coordenador voluntário
da Casa dos Artistas de Ilhéus; diretor artístico do Grupo de Teatro Vozes de
Itabuna, colunista cultural do Jornal “AGORA”, de Itabuna, onde escrevia a coluna
“Ensaio Geral”; palestrante em colégios, igrejas e coordenador de grupos novos.
Não podia guardar tanta cultura
e conhecimento só para ele, assim virou professor da cadeira de “Cultura Geral”
e teatro do Colégio São Luiz; professor de Educação Artística para crianças (Método
Piaget) no Instituto de Educação Integral; em São Paulo; Professor de Teatro –
cadeira de “Interpretação e Improvisação” na Faculdade Farias Brito em
Guarulhos; chefe do Departamento de Atividades Cívicas e Culturais do Município
de Ilhéus (1980/87); Presidente da SACI (Sociedade de Arte e Cultura de Ilhéus),
1980/86; coordenador do Quadro I do “Auto
do Descobrimento” de Adonias Filho, com direção de Équio Reis em 1981; coordenador
da “Cia. Talentos da Terra”, grupo de teatro amador; diretor adjunto da “Ilhéus Revista”; Diretor
do “Circo Folias da Gabriela”, 1986/87; Diretor do Teatro Municipal de Ilhéus, 1986/87;
Coordenador, em Ilhéus, do “Projeto Pixinguinha”, 1986/87; Diretor Secretário
da Fundação Cultural de Ilhéus, 1987/93; Organizador e professor do Curso de
Expressão Teatral – A Linguagem do Povo, promovido pelo Grupo de Teatro Vozes,
de Itabuna em 1994; Coordenador do “2º Ciclo
de Estudos Históricos – Evolução da Sociedade Brasileira”, promovido
pelo Grupo de Teatro Vozes de Itabuna; Coordenador e professor do curso “Em
busca de um Teatro Popular em Itabuna; coordenador do 4º ao 11º Concurso
Regional de Poesia em Ipiaú e Ilhéus; Curso básico de teatro no distrito de
Sambaituba, Ilhéus; Curso básico de teatro em Itamarajú, promovido pela Divisão
de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura; Curso de teatro
(particular) em Itajuipe; Coordenador
auxiliar do 1º Festival de Teatro Amador de Itamarajú; Coordenador e membro da
Comissão Julgadora do Terceiro Concurso de Poesia de Coarací; Coordenador da
instalação da Casa da Cultura de Ibirataia; Coordenador do Simpósio Regional de
Cultura de Ipiaú; Coordenador e Presidente do Júri do 1º e do 2º Festival de
Teatro Amador de Teixeira de Freitas, 1998/99; Responsável pelo boletim
informativo, INFORMARTE, da Casa de Cultura de Teixeira de Freitas, 1999; Técnico
do “Projeto Chapéu de Palha”, promovido pela Diretoria do Departamento de Ações
Regionais da Fundação Cultural do Estado da Bahia nas cidades de Ipiaú, Guaratinga,
Uruçuca, Coarací, Eunápolis, Teixeira de Freitas.
Pedrinho também foi diretor,
quando morava em São Paulo dirigiu as peças: “Bar Doce Jaula”, de Rubens Silva,
na Faculdade de Comunicação; “Sociedade Anônima”, de Bel Santos, produção da
Faculdade de Comunicação Morumbi/Anhembi; “Um Homem uma Mulher e uma Flor”, de
Glaucia Talon; “Um Pedido de Casamento” e “O Urso”, de Tchekov; “A Raposa e as
Uvas”, de Guilherme Figueiredo, no Colégio Frederico Ozanan.
Em Salvador dirigiu a peça, “Tempos
de Primavera”, e o show musical “O Orvalho vai caindo”, criação coletiva dos
alunos do Colégio Manoel Devoto.
Já morando em Ilhéus: “Auto
natalino”; “Lampiaço, o Rei do Cangão”, de Walmir José; “Auto do Descobrimento”,
de Jorge Souza Araujo; “O Homem e o Cacau”, espetáculo comemorativo dos
cinqüenta anos do Instituto de Cacau da Bahia, com pesquisa de Ana Virgínia
Santiago e música de Délio Santiago, expressão corporal de Mário Gusmão; “A
Bruxinha que era boa”, “Pluft”, “O Fantasminha”, e “O Rapto das Cebolinhas”, de
Maria Clara Machado, montagem com os alunos da IME – Cia. Talentos da Terra; “A
Formiguinha Fofoqueira”, de Carlos Nobre; “O Curumim Invisível”, peça
ecológica; o balé “Carmem”, produção da Academia Mônica Tavares; Projeto Seis e
Meia, produzido pela Fundação Cultural de Ilhéus; Bar Executivo, com Novos e
Usados Jazz Band; shows musicais; “Conjunto
Vazio”, “Stela Estrela”, “De Coração”, “Desnudos”, shows musicais; “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes; “A
Eleição”, de Maria de Lourdes Ramalho; “O Auto do Frade”, de João Cabral de
Melo Neto; “Hoje eu não faço nada”, “A Marca da Mão”, “A Força
do Não”, “Alvorada Grapiuna”, “Os Caminhos de Assis”, “Presente dos Magos”, “Mulher
sem Medo de Ser Mulher”, de Yara Lima, com o Grupo de Teatro Vozes, de Itabuna;
“Amor por Anexins”, de Arthur Azevedo; “Servian”,
show em homenagem ao Instituto Nossa Senhora da Piedade e TV Santa Cruz, texto
de Ana Virgínia Santiago, com os bailarinos do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, Helio Bejani e Elisa Baetta e participação das Academias de Dança de
Ilhéus; Performances para os colégios de Ilhéus e Itabuna: “A Megera
Multipliciativa”, de Cleise Mendes e “O Sacrifício”.
No governo do prefeito Jabes
Ribeiro todo ano dirigia o “Projeto das Crianças” no dia da cidade.
No ano de 2002 ganhou o prêmio “Especial” do Troféu Jupará, e em sua
homenagem a ”Casa dos Artistas” criou a sala de teatro Pedro Mattos.
Bacharel em comunicação social,
diretor, ator teatral e jornalista, irreverente, mas altamente capaz nas suas
decisões e atitudes. Numa das cachaçadas da galera, no bar do Edifício Santa
Clara, num sábado à noite, o pessoal fazendo o aquecimento para a noitada, uns ficavam
em Ilhéus outros iam para Itabuna, onde Ia ter o desfile “Miss Gay”, um
engraçadinho, na hora que Pedrinho ia saindo gritou: Pedrinho você não vai
concorrer ao “Miss Gay”?!, ele voltou, e muito sério respondeu: Rapaz, todo
mundo sabe que sou homossexual, mas eu me respeito.
Outra vez, quando era
administrador do Circo Folias da Gabriela, num dos shows do Circo, um negão de
Salvador queria entrar na raça, sem pagar, dizendo: “Eu sou Filho de Gandhi”, posso
entrar sem pagar. Pedrinho, que no dia estava trabalhando na portaria, lhe
respondeu: ”E Eu sou Filho da Puta”, e não vou deixar você entrar.
Num dos grandes carnavais de
Ilhéus saiu fantasiado de “Chiquita Bacana”, em cima de uma carroça cheia de
bananas, com uma banana amarrada entre as pernas, atirando bananas nas pessoas
que passavam, esta foi uma de suas irreverências que presenciei.
Faleceu de infecção
generalizada, no dia 29 de junho de 2002. No seu velório compareceram amigos de
todo o Brasil, sendo que um padre da cidade
interrompeu uma missa que estava celebrando para ir abençoar o corpo de
Pedrinho na sua chegada ao Cemitério da Vitoria, onde está enterrado no jazigo
da família.
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