O
lançamento do novo livro de Felicíssimo, o segundo da MONDRONGO, editora
vinculado ao Teatro Popular de Ilhéus, e terceiro do autor, ocorrerá em
importante evento literário, o 23º Encontro Nacional de Haikaístas, em São
Paulo, oportunidade em que o autor também fará uma palestra intitulada O haikai
no nordeste e suas peculiaridades.
Depois
da capital paulista, Felicíssimo lança Outros Silêncios em Marília, sua cidade
natal, na quinta-feira, dia 10. Afirma o autor que será motivo de enorme
alegria retornar à Marília após tantos anos, sobretudo para lançar um livro
onde, com a colaboração de amigos, sua obra vem sendo aos poucos descoberta e
valorizada pela imprensa e conterrâneos.
Pode-se
dizer que Outros Silêncios é o resumo do trabalho de dez anos em que
Felicíssimo esteve imerso em formas poéticas oriundas do Japão, como o haikai,
considerado o menor poema do mundo. A grande novidade da obra fica por conta de
uma série de 40 poemas sobre o rio Cachoeira, escritos em parceria com George
Pellegrini, intitulados Renga do Rio Cachoeira, poemas que refletem a
indignação dos autores como o descaso e irresponsabilidade das autoridades para
com os rios do Brasil, sintetizados no Cachoeira.
Confira
abaixo a apresentação que Edson Kenji Iuri, uma das figuras centrais do haikai
no Brasil, faz ao livro de Felicíssimo.
O haikai, forma poética de origem japonesa,
nasceu para o Brasil no início do século passado, através da pena de Afrânio
Peixoto. Até hoje, prestamos tributos a esse e a outros baianos pioneiros, que
ajudaram a forjar com talento a tradição do haikai nacional. Ao lado dos poetas
nativos, a Bahia revelou também um estudioso do calibre de Carlos Verçosa,
paranaense que adotou essa terra e que muito tem contribuído com seus estudos
para resgatar a justa dimensão do haikai dentro da literatura brasileira. É o
mesmo caso de outro forasteiro, o paulista de Marília Gustavo Felicíssimo, que,
uma vez seduzido pelos encantos do sul da Bahia, deixou-se ficar entre Ilhéus e
Itabuna, para formar família e dedicar-se à literatura.
Transitando
com destemor através do haikai e de suas formas conexas, o senryu, o renga e o
haibun, todas registradas neste livro, Gustavo Felicíssimo soube plasmar todas
as influências recebidas de baianos como Afrânio, Oldegar Vieira, Gil Nunesmaia
e Abel Pereira numa obra que aponta para o futuro, ao honrar a tradição
haikaísta do grande estado nordestino.
Edson Kenji Iura