Ao longo da minha trajetória como bailarina e coreógrafa sempre fui
muito questionada, como é possível contar histórias através da dança?
Não é uma tarefa fácil, na realização de alguns trabalhos tendo como
base as obras do grande escritor Jorge Amado, o qual oferece uma gama de
subsídio de cenário, figurino, música pela riqueza de detalhes de suas
obras consegui traduzir com gestos e movimentos a trajetória da
personagem Gabriela por exemplo.
Para a criação de um espetáculo
de dança moderna que relate uma obra, faze-se necessário em primeiro
lugar o estudo da obra, nesse estudo pontua-se os personagens e seu
gestual, pesquisa-se os estilos de músicas de acordo com a época da obra
e com base nessa leitura minuciosa estuda-se gestos e movimentos que
correspondam e representem a essência da obra e da mensagem que a mesma
transmite.
A inspiração coreográfica vem da profunda ligação que
se adquire com os personagens ao longo da leitura, a percepção e
análise do contexto leva a intimidade com o vocabulário e atitudes dos
personagens dentro da sociedade em que se passa a narrativa, com essas
informações torna-se possível montar sequências de movimentos que
juntamente com expressões corporais e faciais traduzam a interface dos
personagens mais importantes e com isso mostrar somente através da
linguagem corporal as grandes obras escritas.
As músicas são de
soberana importância para a composição coreográfica e para uma melhor
identificação do público com relação à obra, as músicas são na maioria
das vezes o grande trunfo para uma composição envolvente, além de
embasar movimentos e aguçar a criatividade. As coreografias podem ser
lançadas de diversas formas, sem perder o foco, pode-se e deve-se ousar
na composição, de acordo com estudiosa Vanja Ferreira podem ser
organizadas em bloco, filas, quadrado ou círculos de maneira criteriosa e
que envolva o público e os transportem para dentro da história.
A dança tem o poder de transportar os seus apreciadores para qualquer lugar e provar a força da voz do corpo.