Ruy Penalva,
26 anos, ator, produtor, diretor e autor de peças de teatro da Companhia Casa
Aberta de Teatro (CCAT), que desenvolve peças de cunho humorístico. Começou na escola Conviver, fazendo oficinas de teatro com
os atores Ely Izidro e Telma Sá. Em 2009 entrou para o TPI (Teatro Popular de
Ilhéus), onde atuou na peça “Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht, adaptação de
Romualdo Lisboa. Fez trabalhos com atores do grupo “Os improvisados”: Davi
Mello, Germano Lopes, Henrique Araújo, Harley Silveira, Cristiano Oliveira para
a montagem da peça “Cotidianus” lançada em maio de 2010. Desde então, circulou
com o grupo em Ilhéus, Itabuna e Feira de Santana, fez participações em
comerciais de TV e trabalhou também nos bastidores de cinema e vídeo. Nesta
entrevista, ele fala sobre o trabalho da CCAT e como faz para gerir o grupo
junto com os outros atores.
·
Como e quando começou a trabalhar com
teatro?
Tive que sair do trabalho para continuar com o
teatro. Isso aconteceu em 2008. Um fato engraçado que culminou
na minha decisão de trabalhar só com teatro foi que eu era vendedor, representante, viajava muito. Certa vez, meu chefe viu que usei da minha aptidão teatral para desenvolver um argumento da venda, e ele me disse: “rapaz, você é um ator nato. Não pode ficar desperdiçando isso não. A partir de hoje você vai fazer teatro, que é a sua praia”. Foi aí que levei mais a sério e encarei como minha profissão.
na minha decisão de trabalhar só com teatro foi que eu era vendedor, representante, viajava muito. Certa vez, meu chefe viu que usei da minha aptidão teatral para desenvolver um argumento da venda, e ele me disse: “rapaz, você é um ator nato. Não pode ficar desperdiçando isso não. A partir de hoje você vai fazer teatro, que é a sua praia”. Foi aí que levei mais a sério e encarei como minha profissão.
Então, fiz parte de um grupo chamado “Os
improvisados”, mas vi que o esse nome não inspirava seriedade. Então, formamos
a Companhia Casa Aberta de Teatro (CCAT) que veio da
necessidade de ter um nome forte e composto, além de funcionar como um link
para a ONG Filtro dos Sonhos, que funciona no espaço cultural Casa Aberta, onde
o grupo é residente.
·
Vcs utilizam o slogan “Acredito no
que faço”. De onde veio a necessidade de expressar essa afirmação?
É para a gente mesmo, para evitar
futuras desistências no grupo. Trabalhar com teatro não é fácil. Precisávamos
ter algo para onde olhar para que pudéssemos ter mais fé nos momentos
necessários. Isso acaba refletindo no público, que vê a vontade e a verdade
no que fazemos.
·
Vocês aprimoram um modelo de gestão de
grupo que permitiu uma sustentabilidade ao CCAT. Como foi construída essa
gestão?
A gestão da Companhia Casa Aberta de
Teatro é baseada no modelo dos Novos Baianos. Ninguém tem nada, o grupo tem
tudo. Se você é do grupo você tem, se não é, não tem. Pensamos como grupo,
sempre pensamos na continuidade do trabalho, em novos espetáculos, etc. Então,
fazemos investimentos em equipamentos e materiais para nosso trabalho com uma
parte do que ganhamos. Temos uma divisão igualitária dentro do CCAT, não há
diferença entre cachês, mesmo para quem exerce mais de uma função. O que há, no
meu caso, é uma certa “regalia”, um poder de decisão maior, pois o grupo confia
em mim, mas isso quer dizer também mais responsabilidade.
·
Este ano vocês ampliaram os
horizontes e foram para uma temporada em Feira de Santana. Como surgiu essa
idéia?
Nós já tínhamos ido para Itabuna
depois de desenvolvermos trabalhos teatrais nas escolas de Ilhéus. Aprimoramos
as peças, vimos nossa possibilidade de mobilidade e, então, quisemos procurar
outros horizontes e escolhemos a primeira maior cidade da Bahia além de
Salvador, que era Feira de Santana, e fomos. Passamos sete meses lá. Mas antes
da temporada fomos lá duas vezes e pesquisamos o mercado, as escolas, workshops,
grupos, os eventos nos quais poderíamos atuar e fizemos um planejamento.
A metodologia de trabalho foi
parecida com a que tínhamos feito aqui nesta região. A dificuldade foi que lá
éramos completamente desconhecidos, mas isso também era bom, por que as pessoas
nos viam de forma diferente, já que éramos de fora.
·
Como vocês avaliam o resultado dessa
temporada em Feira de Santana?
Foi muito positivo. Não achamos a
cidade tão grande quanto parece. Fizemos muito contato e, como trabalhamos
também com escolas, fizemos um público muito grande, que é um dos nossos
grandes objetivos: formar público para o teatro.
·
Para vocês que se produzem, se
dirigem, escrevem seus próprios textos e vivem de teatro, qual a maior vantagem
a maior dificuldade em trabalhar com teatro nesta região?
A maior dificuldade é que vivemos em
uma sociedade elitista. Isso se reflete tanto na classe alta, quanto na média e
mais ainda na classe baixa, pois, na maioria das vezes, só se mobilizam para ir
ao Teatro quando tem alguém super famoso. Aí, quando nós realizamos um show, temos
que fazer uma mega divulgação, gastamos um dinheiro grande, desnecessário, para
criar uma imagem que seja atraente para as pessoas.
A vantagem é que somos daqui e sempre
há convites para eventos, pois já somos conhecidos entre vereadores, prefeito,
comerciantes, mídia, pelo público que costuma frequentar o Teatro e isso
facilita outros apoios e a realização de novos shows.
·
Quais os planos para o CCAT daqui
para frente?
A gente quer continuar no mercado,
entrar na área de audiovisual com vídeos na internet (programas), viajar, fazer
temporadas em outras cidades do país. Neste momento, estamos trabalhando para
gravar o primeiro DVD do CCAT, dias 3 e 4 de fevereiro, no Teatro Municipal de
Ilhéus, com o espetáculo “Pura Comédia”. Dessa forma, vamos fazer circular o
show também por meio do audiovisual.
·
E os seus planos pessoais no Teatro?
É colaborar na criação de uma nova
geração de platéia. Quero ser uma pessoa que contribui para a formação de público
para o teatro, essa é minha realização maior. Que as pessoas vejam teatro como
lazer, da classe A a Z, do jovem ao velho,
que sintam prazer em ir e que isso faça parte da agenda dessas pessoas.
E, claro, fazer com que as pessoas riam sempre com nossas peças.
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Tacila Mendes, 26 anos, é comunicóloga e especialista em
Audiovisual pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Além de fotografar
e dar aulas nesta área, se envereda pela produção cultural da região,
escrevendo projetos para captação de recursos e trabalhando também como
assessora de imprensa. Fez parte da equipe da 1ª e da 2ª MUSA – Mostra
Universitária Salobrinho de Audiovisual; do projeto
Afrofilisminogravura; do 1º Festival de Cinema Baiano - FECIBA e do
Memórias do rio Cachoeira; o Bahia Sound System.
Gosta também de cantar e faz parte do projeto "Mulheres em Domínio Público", do qual é uma das quatro intérpretes.
Foi eleita Conselheira Municipal de Cultura de Ilhéus no setor de Audiovisual (2011).
Como gosta de conhecer gente, seus estilos e formas de pensar,
lugares, e tudo que lhe parece diferente e interessante, propõe um papo
"Entre Vistas" a fim de descortinar esses mundos...