Por muito escrever e cantar ao longo da vida, diversas vezes me
pego tentando expressar toda música que há no mundo por meio de papel e tinta.
Essa tentativa vem da necessidade que sinto de extravasar as descobertas que
certas canções me proporcionam vez ou outra. Um swing, um arranjo, uma letra, um
ruído, um gênio.
A natureza é musical, o
caminhar traz consigo um compasso e uma conversa pode dizer da sua origem
quando, ao ouví-la, é possível identificar a melodia que tem. Viver a música
requer iniciativa, coragem para decidir entre compartilhar suas delícias ou
sucumbir, existir na tensão de conter tamanha euforia a contragosto.
No entanto, nem mesmo se eu passasse a vida inteira entre
garranchos e rasuras, conseguiria falar do mundo e todos os seus sons. Então, ficarei com as canções que me
ninavam quando criança, com o Brasil e toda a gente que mantém viva a sua
música e o seu encanto.
Esta coluna será sobre Música Popular
Brasileira e não Música Por Brasileiros. Nem tudo que se produz na “pátria
amada” preserva a saúde dos nossos ouvidos e isso não é novidade. Quero
mencionar os atores e autores que ultrapassam Gadús e Carolinas, que se negam a
participar de um processo criativo que tem como objetivo principal abafar
ruídos de talheres pelos bares ou reproduzir batidas estrangeiras sem brilho.
Direi sobre o que é nosso, mas nem
tudo é.
“Eu
quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo mais
fundo
Tins e bens e tais!”
Tins e bens e tais!”
Podres
Poderes - Caetano Veloso
Eloah Monteiro, 23 anos, é cantora, atriz, baiana e jornalista.