A
prática de um teatro didático dá-se num momento relevante de nossa história, e
que vai ao encontro de atender às necessidades emergentes de diferenciadas
formas de educação, pois, algo precisa ser feito no intuito de sensibilizar a
sociedade para que se questionem e reflitam sobre a atual conjuntura social,
que apresenta um esgarçamento no tecido social.
Segundo
Dias G. F. em sua obra Educação
Ambiental: princípios e práticas, a aprendizagem será mais significativa se
a atividade estiver adaptada concretamente às situações da vida real da cidade,
ou do meio, do aluno e professor.
Quando
lidamos com experiências diretas, a aprendizagem é mais eficaz, pois é reconhecido
que aprendemos através dos nossos sentidos (83% através da visão; 11% através
da audição; 3,5 através da olfação; 1,5% através do tato; e 1% através da
gustação) e que retemos apenas 10% do que lemos, 20% do que ouvimos, 30% do que
vemos, 50% do que vemos e executamos, 70% do que ouvimos e logo abordaremos e
90% do que ouvimos e logo realizamos. (Piletti, 1991)
Edgar
Dale[1],
autor do Cone de Experiências, enfatiza que o ensino puramente teórico
(simbólico-abstrato) deve ser evitado. O imediatamente vivencial permite uma
aprendizagem mais efetiva.
Foi
Dale, em sua famosa obra, considerada clássica, Audio-Visual – Methods in
Teaching, escrita em 1946, que criou o cone de experiências visando facilitar a
escolha dos meios instrucionais em função do grau de abstração.
“Começando da experiência direta com a
realidade do vivencial palpável e, seguindo as várias instâncias, até chegar ao
simbólico, abstrato. A base do cone representa as experiências diretas com a
realidade e as instâncias seguintes indicam, cada vez mais, maior grau de
abstração, na medida em que se aproximam do vértice do cone. O processo de
aprendizagem é tanto eficaz quanto mais se possa realizar uma experiência
direta”. In: O Hexaprojeçógrafo como Meio Instrumental, Prof. Marcos Alberto Ribeiro
de Barros
A
educação realizada através de palestras é importantes para aquisição de dados
relevantes, porém, seria interessante associá-las à prática de experiências diretas como demonstra o Cone
de Experiências de Edgar Dale. Uma dessas formas dá-se através teatro
que tem a capacidade de levar conteúdos muito difundidos e conhecidos de forma
ímpar, levando os próprios participantes a uma reflexão sobre o assunto
abordado. A projeção de problemas sociais durante todo o processo teatral pode
utilizar-se de experiências diretas, que se aliadas a textos diversos, poderão
facilitar ainda mais a assimilação, sensibilizando cada indivíduo envolvido na
oficina sobre as questões vividas no dia-a-dia, demonstrando uma real
necessidade de mudança de suas atitudes no meio social, motivando os
participantes a buscar a aplicabilidade do apreendido, favorecendo assim, a
“reflexão na ação” durante o fazer teatral e que pode se estender a uma
participação mais efetiva em busca de melhorias para a sua comunidade.
Percebendo
a relevância do teatro como uma linguagem a ser conquistada é que notamos a
possibilidade de sensibilizar o ser humano sobre sua função e interação com o
meio social em que convive, estreitando essa relação que permite uma participação
criativa na solução de problemas ao seu redor, fazendo-o refletir sobre a
importância de sua participação na busca de melhorias para a coletividade.
Dessa forma a aprendizagem será mais significativa, pois o teatro poderá
abordar simbolicamente às situações reais vivdas pelos participantes.
Por
isso há a necessidade de uma intervenção teatral, que pode proporcionar de
forma didática e artística um novo conceito na educação de maneira lúdica e com muita imaginação, construindo o
conhecimento necessário para fazer perceber as inter-relações no meio social.
Os
alunos envolvidos nessa prática, podem contribuir sem dúvida alguma com os
conteúdos abordados, desde a pesquisa de um tema até concepção de cenas
teatrais, proporcionando um avanço conceitual em novas ações que facilitarão a
apreensão de conteúdo de forma efetiva, pois todo o processo estará relacionado
às experiências diretas, onde os participantes estarão problematizando as
questões que estão diretamente relacionadas ao meio em que vivem, através do
fazer teatral, com jogos teatrais que podem ser adaptados às situações
levantadas e suas respectivas resoluções cênicas permitindo que cada integrante
pense no mundo em que vive a partir das problematizações levantadas no
processo.
[1] Nota Sobre o Autor: Edgar Dale é professor de Educação e
Diretor da Divisão Curricular, organização de pesquisa educacional, da
Universidade de Ohio. Ele foi responsável por Educação Visual, Congresso
Nacional de Pais e Professores e Presidente do Departamento de Instrução Visual
da Associação Nacional de Educação. Ele é o autor de “Ensinando com Filmes”,
“Como ler um Jornal”, “Filmes em Educação”, e outros livros.
Bob
Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da
USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC,
professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as
quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com