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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Teatro-Educação: ensino-aprendizagem facilitado pelo relacionamento de experiências diretas - por BOB MONTELEONE


A prática de um teatro didático dá-se num momento relevante de nossa história, e que vai ao encontro de atender às necessidades emergentes de diferenciadas formas de educação, pois, algo precisa ser feito no intuito de sensibilizar a sociedade para que se questionem e reflitam sobre a atual conjuntura social, que apresenta um esgarçamento no tecido social.

Segundo Dias G. F. em sua obra Educação Ambiental: princípios e práticas, a aprendizagem será mais significativa se a atividade estiver adaptada concretamente às situações da vida real da cidade, ou do meio, do aluno e professor.
Quando lidamos com experiências diretas, a aprendizagem é mais eficaz, pois é reconhecido que aprendemos através dos nossos sentidos (83% através da visão; 11% através da audição; 3,5 através da olfação; 1,5% através do tato; e 1% através da gustação) e que retemos apenas 10% do que lemos, 20% do que ouvimos, 30% do que vemos, 50% do que vemos e executamos, 70% do que ouvimos e logo abordaremos e 90% do que ouvimos e logo realizamos. (Piletti, 1991)
Edgar Dale[1], autor do Cone de Experiências, enfatiza que o ensino puramente teórico (simbólico-abstrato) deve ser evitado. O imediatamente vivencial permite uma aprendizagem mais efetiva.
Foi Dale, em sua famosa obra, considerada clássica, Audio-Visual – Methods in Teaching, escrita em 1946, que criou o cone de experiências visando facilitar a escolha dos meios instrucionais em função do grau de abstração.
“Começando da experiência direta com a realidade do vivencial palpável e, seguindo as várias instâncias, até chegar ao simbólico, abstrato. A base do cone representa as experiências diretas com a realidade e as instâncias seguintes indicam, cada vez mais, maior grau de abstração, na medida em que se aproximam do vértice do cone. O processo de aprendizagem é tanto eficaz quanto mais se possa realizar uma experiência direta”. In: O Hexaprojeçógrafo como Meio Instrumental, Prof. Marcos Alberto Ribeiro de Barros



A educação realizada através de palestras é importantes para aquisição de dados relevantes, porém, seria interessante associá-las à prática de  experiências diretas como demonstra o Cone de Experiências de Edgar Dale. Uma dessas formas dá-se através teatro que tem a capacidade de levar conteúdos muito difundidos e conhecidos de forma ímpar, levando os próprios participantes a uma reflexão sobre o assunto abordado. A projeção de problemas sociais durante todo o processo teatral pode utilizar-se de experiências diretas, que se aliadas a textos diversos, poderão facilitar ainda mais a assimilação, sensibilizando cada indivíduo envolvido na oficina sobre as questões vividas no dia-a-dia, demonstrando uma real necessidade de mudança de suas atitudes no meio social, motivando os participantes a buscar a aplicabilidade do apreendido, favorecendo assim, a “reflexão na ação” durante o fazer teatral e que pode se estender a uma participação mais efetiva em busca de melhorias para a sua comunidade.
Percebendo a relevância do teatro como uma linguagem a ser conquistada é que notamos a possibilidade de sensibilizar o ser humano sobre sua função e interação com o meio social em que convive, estreitando essa relação que permite uma participação criativa na solução de problemas ao seu redor, fazendo-o refletir sobre a importância de sua participação na busca de melhorias para a coletividade. Dessa forma a aprendizagem será mais significativa, pois o teatro poderá abordar simbolicamente às situações reais vivdas pelos participantes.
Por isso há a necessidade de uma intervenção teatral, que pode proporcionar de forma didática e artística um novo conceito na educação de maneira lúdica e com muita imaginação, construindo o conhecimento necessário para fazer perceber as inter-relações no meio social.
Os alunos envolvidos nessa prática, podem contribuir sem dúvida alguma com os conteúdos abordados, desde a pesquisa de um tema até concepção de cenas teatrais, proporcionando um avanço conceitual em novas ações que facilitarão a apreensão de conteúdo de forma efetiva, pois todo o processo estará relacionado às experiências diretas, onde os participantes estarão problematizando as questões que estão diretamente relacionadas ao meio em que vivem, através do fazer teatral, com jogos teatrais que podem ser adaptados às situações levantadas e suas respectivas resoluções cênicas permitindo que cada integrante pense no mundo em que vive a partir das problematizações levantadas no processo.


[1] Nota Sobre o Autor: Edgar Dale é professor de Educação e Diretor da Divisão Curricular, organização de pesquisa educacional, da Universidade de Ohio. Ele foi responsável por Educação Visual, Congresso Nacional de Pais e Professores e Presidente do Departamento de Instrução Visual da Associação Nacional de Educação. Ele é o autor de “Ensinando com Filmes”, “Como ler um Jornal”, “Filmes em Educação”, e outros livros.



  
Bob Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC, professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com