Início

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ilhéus presta homenagens à Iemanjá


foto: Mary Melgaço
Todos os preparativos finais para a festa que rende homenagens à Iemanjá, no próximo dia 2, foram discutidos esta semana pela Secretaria de Turismo. Considerada a maior manifestação pública do candomblé em Ilhéus, o festejo acontecerá simultaneamente em diversos pontos da cidade e contará com a participação dos terreiros de candomblé de Sultão das Matas, de Mãe Carmosina; Ilé Axé Balloni, de Pai Toninho; Ilé Guauania de Oiá, de Mãe Laura; e Oxalá, de Pai Atanagildo; além de blocos afro, grupos de capoeira, nativos e visitantes. Para este ano, está prevista ainda a presença de cerca de três mil passageiros do transatlântico de luxo MSC Orquestra, que visita à cidade no dia dedicado à Orixá.

A programação da festa será iniciada a partir das 8 horas, quanto devotos e admiradores poderão depositar suas oferendas no barracão central, que será montado na praça Dom Eduardo, em frente à Catedral de São Sebastião. No local, baianas recepcionarão o público com muito banho de água de cheiro, pedidos de proteção e banho de pipoca. De acordo com o secretário responsável pela pasta, Paulo Moreira, além de fortalecer as tradições religiosas e o turismo local. “A festa também ajuda aquecer a economia da cidade, uma vez que centenas de pessoas movimentam principalmente o centro histórico e as cabanas de praia”, informa.
Ao meio-dia, a programação se intensifica e segue com duas concentrações: uma no bairro Nova Brasília, em frente à Maramata, com a participação dos terreiros da zona sul e com o show da banda Samba de Treita, também a partir das 12 horas. A outra, na praia do Cristo, com os terreiros do centro e zona norte. O ponto alto da festa acontece às 16 horas, quando uma procissão marítima formada por dezenas de embarcações sairá das praias do Cristo e da Maramata com destino ao alto-mar onde as oferendas serão depositadas, assim como centenas de pedidos e agradecimentos pelas graças alcançadas.
Promovida pela Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria do Turismo, a festa é realizada há mais de 30 anos no município. Todos os anos também é comum a participação de pessoas de outras crenças, já que Iemanjá também é cultuada em outros credos e religiões. Na igreja Católica, ela é conhecida Nossa Senhora dos Navegantes, cuja festa também tem como ponto alto no dia 2. Entre os índios, ela é chamada de Janaína e já os europeus a consideram uma sereia.
Representação - Na maioria de suas representações, Iemanjá segura um leque de metal e um espelho. A Rainha das Águas possui diversos nomes referentes à diversidade e às profundidades dos trechos do rio “Yemoja”. Para os adeptos do candomblé, Iemanjá simboliza a criação efetivada. O seu leque, chamado abebê, tem em seu centro um recorte, onde surge o desenho de uma sereia. Em outros modelos do apetrecho, constam a lua e a estrela. Complacente, é responsável pela pescaria farta, além da vida com abundância de alimentos. Ela não lembra a volúpia das sereias ou a lara     indígena, mas é representada e cultuada com muito respeito, pois é a “mãe da criação”.
A lenda diz que Iemanjá transformou-se num rio para correr mais depressa e fugir do seu marido, Okere, que a maltratava. Ele a perseguiu com seus exércitos até a casa de seu pai. Quando a alcançou pediu que voltasse. Como não foi atendido, transformou-se em montanha para barrar sua passagem. Então Iemanjá pediu ajuda a Xangô, o orixá do fogo, raios e trovões. Xangô juntou muitas nuvens e com um raio provocou uma chuva que encheu o rio. Com outro raio partiu a montanha em duas. Assim, Iemanjá pôde correr para o mar. Mais tarde, seguindo o povo iorubá, atravessou o oceano protegendo os escravos das tormentas e chegando à Bahia, fez do exílio seu reino.