foto: Mary Melgaço |
Todos os preparativos finais para a festa que rende homenagens à
Iemanjá, no próximo dia 2, foram discutidos esta semana pela Secretaria de
Turismo. Considerada a maior manifestação pública do candomblé em Ilhéus, o festejo acontecerá simultaneamente em diversos pontos
da cidade e contará com a participação dos terreiros de candomblé de Sultão das
Matas, de Mãe Carmosina; Ilé Axé Balloni, de Pai Toninho; Ilé Guauania de Oiá,
de Mãe Laura; e Oxalá, de Pai Atanagildo; além de blocos afro, grupos de
capoeira, nativos e visitantes. Para este ano, está prevista ainda a presença
de cerca de três mil passageiros do transatlântico de luxo MSC Orquestra, que
visita à cidade no dia dedicado à Orixá.
A programação da festa será iniciada a partir das 8 horas, quanto
devotos e admiradores poderão depositar suas oferendas no barracão central, que
será montado na praça Dom Eduardo, em frente à Catedral de São Sebastião. No
local, baianas recepcionarão o público com muito banho de água de cheiro,
pedidos de proteção e banho de pipoca. De acordo com o secretário responsável
pela pasta, Paulo Moreira, além de fortalecer as tradições religiosas e o
turismo local. “A festa também ajuda aquecer a economia da cidade, uma vez que
centenas de pessoas movimentam principalmente o centro histórico e as cabanas
de praia”, informa.
Ao meio-dia,
a programação se intensifica e segue com duas concentrações: uma no bairro Nova Brasília,
em frente à Maramata, com a participação dos terreiros da zona sul e com o show
da banda Samba de Treita, também a partir das 12 horas. A outra, na praia do
Cristo, com os terreiros do centro e zona norte. O ponto alto da festa acontece
às 16 horas, quando uma procissão marítima formada por dezenas de embarcações
sairá das praias do Cristo e da Maramata com destino ao alto-mar onde as
oferendas serão depositadas, assim como centenas de pedidos e agradecimentos
pelas graças alcançadas.
Promovida pela Prefeitura
de Ilhéus, por meio da Secretaria do Turismo, a festa é realizada há mais de 30
anos no município. Todos os anos também é comum a participação de pessoas de
outras crenças, já que Iemanjá também é cultuada em outros credos e religiões.
Na igreja Católica, ela é conhecida Nossa Senhora dos Navegantes, cuja festa
também tem como ponto alto no dia 2. Entre os índios, ela é chamada de Janaína
e já os europeus a consideram uma sereia.
Representação
- Na maioria
de suas representações, Iemanjá segura um leque de metal e um espelho. A Rainha
das Águas possui diversos nomes referentes à diversidade e às profundidades dos
trechos do rio “Yemoja”. Para os adeptos do candomblé, Iemanjá simboliza a
criação efetivada. O seu leque, chamado abebê, tem em seu centro um recorte,
onde surge o desenho de uma sereia. Em outros modelos do apetrecho, constam a
lua e a estrela. Complacente, é responsável pela pescaria farta, além da vida
com abundância de alimentos. Ela não lembra a volúpia das sereias ou a lara indígena,
mas é representada e cultuada com muito respeito, pois é a “mãe da criação”.
A lenda diz que Iemanjá
transformou-se num rio para correr mais depressa e fugir do seu marido, Okere,
que a maltratava. Ele a perseguiu com seus exércitos até a casa de seu pai.
Quando a alcançou pediu que voltasse. Como não foi atendido, transformou-se em
montanha para barrar sua passagem. Então Iemanjá pediu ajuda a Xangô, o orixá
do fogo, raios e trovões. Xangô juntou muitas nuvens e com um raio provocou uma
chuva que encheu o rio. Com outro raio partiu a montanha em duas. Assim,
Iemanjá pôde correr para o mar. Mais tarde, seguindo o povo iorubá, atravessou
o oceano protegendo os escravos das tormentas e chegando à Bahia, fez do exílio
seu reino.