Para adentrar ao terreno do Jogo Teatral no processo de
ensino-apredizagem precisamos entender a função do jogo na sociedade. Nesse
ponto, para uma melhor compreensão dessa ferramenta podemos analisar o jogo em
duas perspectivas: PSICOLÓGICA E SOCIOLÓGICA.
-Psicológica – A
teroria do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget ( apud MOREIRA, 1999) trata
sobreo desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças
qualitativas e quantitativas das estruturas de cognição de fatos ou experiências
ocorridas anteriormente na vida da criança em desenvolvimento com nuances
diferenciadas de reconstrução progressiva a cada momento de realização de uma
ação específica, tornando-o apto para a sua relação ao meio em que vive.
Divide-se em quatro fases:
- Sensório-motor(0 a 2 anos) - assimilação mental do meio à partir de reflexos neurológicos básicos através de contato direto com jogos de exercícios pela exploração dos movimentos físicos;
- Pré-operatória(2 a 7 anos) – interiorização das experiências anteriores sem o discernimento de relações dimensionais de objetos, mas com facilidade de vivenciar o faz-de-conta através do jogo simbólico;
- Operatório-concreto(7 a 11) – reversibilidade do pensamento ao realizar atividades com a capacidade de justifica-se logicamente, marcada pela transição da atividade individual para a coletiva pelo interesse na socialização gerado durante jogo de regras, facilmente assimilado nessa fase;
- Operatório-formal(12 anos em diante) – grande poder de abstração e resolução de problemas baseado em hipóteses e não mais pela observação da realidade, criando-se algo na ação por intermérdio dos jogos de construção.
Com o desenvolvimento do processo de aprendizagem novos
esquemas pode surgir a partir da adaptação que resultam da:
- Assimilação – ampliação dos esquemas à partir da estrura que já possui, incorporando elementos externos ao seu convivio e suas experiências;
- Acomodação – adaptação dos esquemas já existentes e novas experiências para assimilação de novas informações;
- Equilibração – busca da regulação entre assimilação e acomodação por meio de adaptação do indivíduo, gerando uma progressão de complexibilidade do pensamento lógico.
-Sociológica –
Caillois(1990) sugere que ao jogar o indivíduo está assimilando a capacidade de
experimentação da vida real por meio do aprendizado natural das regras
específicas de cada jogo, desenvolvendo as funções motoras, a cognição e a
sociabilidade para as experiências da vida real, socializadas no jogo da vida.
Os jogos estão ligado intrisicamente a cultura dos povos,
cada qual com sua peculiaridade, possibilitando que cada indivíduo possa
sentir, comunicar, descobrir, competir, arriscar, motivar, brincar, expressar,
cooperar, etc. Os jogos são as pontes que interligam a fantasia e a realidade, além
de ter um papel importantíssimo na construção da personalidade, por conta do
processo de socialização que ocorre na prática das atividades, contribuindo
para que cada indivíduo predisponha-se a sair do estado de egocentrismo e
evolua como ser integrante da sociedade, colaborando para a formação de seu
caráter através da convivência humana.
Segundo Caillois(1990) as atividades são classificadas como:
- Livre – sem obrigatoriedade de participação;
- Delimitada – espaço e tempo previamente combinados
- Incerta – resultado imprevisível;
- Improdutiva – no aspecto material ela não gera nenhum bem ou riqueza
- Regulamentada – gerida por regras comuns a todos os participantes;
- Fictícia – a realidade é uma experienciação que pode-se refletir na vida real
Além da classificação acima, Roger Caillois divide o jogo em
quatro categorias fundamentais:
- Agon – ligado as competições com exigência de uma vencedor, em geral os esportes;
- Alea – destino como adversário, comum na prática dos jogos de azar - cassinos por exemplo;
- Mimicry – ilusão temporária onde se assume a interpretação de um papel imaginário – tanto o teatro como o faz-de-conta;
- Ilyx – atividades que provocam vertigem no estado natural do indivíduo – cabalhotas, a montanha russa dos parques de diversos, etc
Vale acrescentar mais uma categoria
abordada por BROTTO(2003):
- Cooperativos – apesar de ser uma prática milenar de certos povos, em particular os povos indigênas a atividade de cooperação tem-se difundido muito em nossa contemporaneidade como contra-cultura do egocentrismo – jogos cooperativos que visam a mutualiadade no desenvolvimento das atividades proposta.
Bob
Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da
USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC,
professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as
quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com
Referências
BROTTO, Fábio. O.
Jogos Cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar.
Santos: Projeto Cooperação, 2003
CAILLOIS, Roger.
Os Jogos e os Homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia, 1990
MOREIRA, M. A.
Teoria de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1999