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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre o CD Simples de Sérgio Ramos - por Antônio Melo


Ouvir o mais novo trabalho de Sérgio Ramos é uma tarefa (já me apropriando do título do álbum) muito Simples: basta apertar o play na primeira música e deixar rolar o som que sai da efervescência intelectual de uma das mentes mais lúcidas, práticas e sem rodeios que nós temos na região.
Claro que algo tão novo e diferente  é logo incompreendido, mas são ossos do ofício de um artista em constante mutação que busca a evoluir seu interior utilizando a música como foco atual.
Muito prazeroso ouvir neste trabalho o trato instrumental muito bem elaborado. Cada som, cada instrumento, cada efeito foi calculado num refinamento generoso.

O repertório, todo autoral, diga-se de passagem, traça uma linha tênue do real e do imaginário, com sérias pitadas de cotidiano e naturalidade. Como bom artista plástico que é, pincela de lilás as letras azuis que enriquecem as melodias dando um colorido especial para a dura realidade atrás das janelas.
Logo nas primeiras músicas exalta a vida e a natureza protestando contra nossas ações vis e do afastamento do amor, da felicidade e da ética.
Em Realidade Virtual e Palavra, a letra é precisa, cortante sem mais devaneios. A ginga vem com as músicas Samba Simples e Frevo de Olinda mostrando seu diálogo com nossas raízes. A alma de ambientalista permeia quase todas as músicas, mas o destaque é Não. Bluar Sertânico é talvez sua maior ousadia, mas para um músico ávido de mostrar sua sanha produtiva, torna-se mais que um lugar-comum.
Gostei e recomendo. Muito interessante iniciar o ano com um trabalho deste porte nas mãos. Música sempre será música, basta a gente sentir.






Antônio Melo é músico