"Passei pelo calçadão Jorge Amado e vi a imensa fila em direção ao teatro. Parecia uma centopéia a dar voltas sobre si mesma – todo mundo com óculos invocados, camisetas transadas, vestidos indianos com decotes sensacionais e aquele ar de “é-hoje-que-me-descobrem”. Gente de tudo quanto é jeito e feitio, loiras, morenas, negras, playboys e garis, gente que sonha alto ou que simplesmente estava de bobs, sem ter o que fazer.
Toda essa turma se preparando para entrar na próxima novela das oito, uma refilmagem da tão comentada história de Gabriela, que será gravada em Ilhéus.
Não nego que eu mesmo pensei em entrar na fila, quem sabe ganhasse o papel de algum jagunço sedutor. Melhor seria o Tonico Bastos, claro, mas não sei se a Juliana Paes agüentaria o tranco. Dizem que esse pessoal famoso é um tanto sensível demais.
De qualquer forma, a novela vai ser feita. E graças à Deus que a associação de moradores da avenida ainda não pensou em embargar.
Enquanto isso, greve da polícia, arrastão pelo comércio, assaltos e invasões. Parecia enredo de filme futurista, desses que a gente acha mal feito.
- Ninguém sai. Soube que em meia hora o arrastão vai passar por aí!!
O que é que é isso mesmo? Acho que nem o Orson Wells pensou em situações assim. O Stephen King também não, com a sua imaginação, tampouco o Jorge Amado. E é nessas horas que a gente sente a falta que o Charles Bronson faz, ele e seu trabuco na varanda (acho que o nome do trabuco dele era Lucy). O Charles ficava lá, quietinho, coçando o bigode, esperando a bandidagem aparecer. E então, meu velho, era tiro pra tudo quanto era lado.
(Vale dizer que nunca fui muito de violências. Prefiro, muitas vezes, sair como errado a ficar batendo boca por aí).
De qualquer modo, a vida tem seus mistérios e suas surpresas e, pelo que parece, as coisas que jamais imaginamos podem mesmo acontecer. No entanto, acredito ainda em finais felizes: que volte a polícia, que venham as novelas. E que a associação de moradores da avenida não aja como o Charles Bronson, sentado na varanda, esperando o inimigo chegar."
Toda essa turma se preparando para entrar na próxima novela das oito, uma refilmagem da tão comentada história de Gabriela, que será gravada em Ilhéus.
Não nego que eu mesmo pensei em entrar na fila, quem sabe ganhasse o papel de algum jagunço sedutor. Melhor seria o Tonico Bastos, claro, mas não sei se a Juliana Paes agüentaria o tranco. Dizem que esse pessoal famoso é um tanto sensível demais.
De qualquer forma, a novela vai ser feita. E graças à Deus que a associação de moradores da avenida ainda não pensou em embargar.
Enquanto isso, greve da polícia, arrastão pelo comércio, assaltos e invasões. Parecia enredo de filme futurista, desses que a gente acha mal feito.
- Ninguém sai. Soube que em meia hora o arrastão vai passar por aí!!
O que é que é isso mesmo? Acho que nem o Orson Wells pensou em situações assim. O Stephen King também não, com a sua imaginação, tampouco o Jorge Amado. E é nessas horas que a gente sente a falta que o Charles Bronson faz, ele e seu trabuco na varanda (acho que o nome do trabuco dele era Lucy). O Charles ficava lá, quietinho, coçando o bigode, esperando a bandidagem aparecer. E então, meu velho, era tiro pra tudo quanto era lado.
(Vale dizer que nunca fui muito de violências. Prefiro, muitas vezes, sair como errado a ficar batendo boca por aí).
De qualquer modo, a vida tem seus mistérios e suas surpresas e, pelo que parece, as coisas que jamais imaginamos podem mesmo acontecer. No entanto, acredito ainda em finais felizes: que volte a polícia, que venham as novelas. E que a associação de moradores da avenida não aja como o Charles Bronson, sentado na varanda, esperando o inimigo chegar."
Rodrigo Melo é filho de Eduardo e Márcia, irmão de Juliano e Murilo, casado com Thalita, pai de Amaralina, uma menina linda, e é também brodão de Diná e Brooks, que joga umas danças por aí. Além disso, escreve uma coluna, blablablá, no diário de ilhéus, quase todos os sábados.