FUNCEB
dá continuidade ao Programa
de Incentivo à Crítica de Artes, que
também promoverá a Oficina de Qualificação em Crítica e o lançamento da Série Crítica das Artes
A Fundação
Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de
Cultura do Governo do Estado (SecultBA), dá início às ações que integram o
segundo ano do Programa de Incentivo à
Crítica de Artes. Nos próximos dias 29 e 30 de outubro, o II Seminário Baiano de Crítica de Artes vai
reunir profissionais brasileiros reconhecidos no campo para discutir a crítica de
artes, com a proposta de divulgar a importância e os aspectos desta produção,
agregar profissionais e estimular o interesse de novos autores críticos. O Seminário acontece no Espaço Xisto Bahia
(Barris – Salvador), sempre das 9 às 13 horas. A entrada é gratuita, aberta ao
público até lotação da sala e os interessados em garantir vaga devem fazer
pré-inscrição pelo site www.fundacaocultural.ba.gov.br/criticadeartes.
Para aqueles que não puderem se fazer presentes, os dois dias do evento terão
transmissão ao vivo através do Portal do IRDEB (www.irdeb.ba.gov.br), com apoio da Diretoria
de Audiovisual (DIMAS) da FUNCEB, permitindo
também o acesso de pessoas do interior do estado e de todo o país.
Na
segunda-feira (29 de outubro), o Seminário
terá como convidadas a professora e crítica de dança Helena Katz e a
ensaísta, professora, pesquisadora e curadora Ivana Bentes. Elas vão
tratar do tema “Máquina de pós-produção”, explorando de que maneira a
produção cultural de massa gerada no século 20 se coloca como uma imensa
biblioteca da qual todos podem fazer uso, resultando numa possível
indiferenciação entre as figuras do criador e do espectador na arte. De que
maneira a produção e o comentário cultural realizados são afetados nesse
processo? Qual o destino de uma cultura, antes erudita, agora apta a ser
reinterpretada com a expansão e a popularização das novas tecnologias? Há um
novo lugar para o público e o artista?
Já na
terça-feira (30 de outubro), estarão o jornalista, crítico musical e editor Carlos
Calado ao lado de Wagner Schwartz, performer, coreógrafo e
linguista, para falar de “O negócio da cultura”, no entendimento de que
a indústria da cultura se apresenta como qualquer outra: é necessário produzir,
vender, comprar. Para isso há o marketing, o negócio e suas consequências. Essa
indústria pode existir sem o comentário crítico? Ou ele é tão necessário que
essa mesma indústria procura controlá-lo e moldá-lo, a fim de transformá-lo em
um outro tipo de produto – que tem sua relevância determinada apenas pelo
potencial e alcance de ser consumido?
Nas duas
datas, a mediação será feita por Marcelo Rezende, jornalista, editor,
crítico e curador. Trata-se, portanto, de um conjunto de cinco profissionais de
vasta experiência, capaz de dialogar com o público sobre a situação da crítica,
as suas questões históricas e contemporâneas, fundamentos, finalidades, mercados
e espaços de difusão.
Além da
realização do II Seminário Baiano de
Crítica de Artes, o Programa de
Incentivo à Crítica de Artes vai promover, ainda neste ano de 2012, a Oficina de Qualificação em Crítica,
processo formativo destinado à qualificação na produção de críticas de artes e
à sustentabilidade do setor, prevista a ser iniciada em 12 de novembro, sob
coordenação do professor Luiz Cláudio Cajaíba (UFBA) e com presença do
professor Luiz Fernando Ramos (USP). Além disso, fará o lançamento da Série Crítica das Artes, coleção de
publicações com temáticas diversas dentro do universo da crítica de artes, no
intuito de promover a difusão de conteúdo sobre o tema, resgatar produções de
profissionais notórios no campo e divulgar novos trabalhos.
Sobre o Programa de Incentivo à
Crítica de Artes – Lançado pela FUNCEB/SecultBA em 2011, o Programa de Incentivo à Crítica de Artes
se volta a esta produção
artístico-intelectual, cuja tradição, atividade, empregabilidade e
reconhecimento são ainda insuficientemente representativos na Bahia. Inserida na política de democratização do
acesso à cultura e estímulo à formação artística dos criadores, técnicos,
produtores e pesquisadores da área, a iniciativa objetiva promover a
qualificação da crítica baiana e, com isso,
contribuir para o desenvolvimento das artes produzidas no estado. Para tanto, foca na consolidação de um ambiente social propício ao acolhimento devido do
setor cultural, investindo em ações
estruturantes que envolvem formação,
produção, criação e difusão do exercício da análise crítica nas áreas de Artes
Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro.
No ano passado, o Programa realizou duas ações: o I Seminário Baiano de Crítica de Artes, que reuniu profissionais de grande
experiência na área de crítica cultural e crítica específica nas linguagens
artísticas – entre eles, José Miguel Wisnik, Antônio Marcos Pereira e Ruy
Gardnier. Além do público que participou gratuitamente das atividades, o evento
também teve transmissão online em
tempo real pelo Portal do IRDEB. Mais de 8.700 visitas de internautas foram
registradas, contabilizando um total de 30.589 visualizações de página. Os
registros de áudio das palestras e debates do I Seminário Baiano de Crítica de Artes estão disponíveis para audição e
download no hotsite www.fundacaocultural.ba.gov.br/criticadeartes.
A outra realização foi o Concurso Estadual de Estímulo à Crítica de Artes, que
premiou 20 autores de críticas em
Artes Visuais ,
Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro, entre 43 concorrentes.
O certame distribuiu mais de R$ 40 mil em premiações e os vencedores ainda
terão seus textos publicados através da Série Crítica das Artes.
“O registro de números ainda pouco
expressivos de críticas inscritas no Concurso de 2011 confirmou, de certa maneira,
a necessidade de continuar investindo em ações de fortalecimento deste campo”,
considera Alexandre Molina, diretor das Artes da FUNCEB, que complementa: “Os
resultados puderam também colaborar para o aperfeiçoamento do Programa
de Incentivo à Crítica de Artes
e para a elaboração de projetos estruturantes a serem promovidos nesta área”. A
reavaliação do Programa também se deu
a partir de reuniões internas, consultas a estudiosos da área e de um encontro
onde estiveram presentes representantes das Pós-Graduações em Artes (Artes
Cênicas, Artes Visuais, Dança, Literatura e Música) da Universidade Federal da
Bahia (UFBA) e do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade do Estado da
Bahia (UNEB).
Desta
maneira, em 2012, a
FUNCEB apresenta o Programa de Crítica de
Artes reformulado e ampliado, trazendo ações que se fundamentam na reflexão,
formação, qualificação e atração de novos interessados em atuar na área.
Os convidados do II Seminário Baiano de Crítica de Artes
Carlos Calado (www.carloscalado.com.br): Jornalista, crítico musical e
editor, Carlos Calado escreve para o jornal “Folha de S. Paulo” desde 1986. Na
última década também tem colaborado com o caderno cultural do “Valor
Econômico”. Desde 2009 mantém na internet um blog especializado em música
popular brasileira e diversas vertentes da música afro-americana. Mestre em
Artes pela Universidade de São Paulo, é autor dos livros “Tropicália: A
História de Uma Revolução Musical” (Editora 34, 1997), “A Divina Comédia dos
Mutantes” (Editora 34, 1995), “O Jazz Como Espetáculo” (Ed. Perspectiva, 1990),
“Jazz ao Vivo” (Ed. Perspectiva, 1989), entre outros. Em 2008, escreveu também
o livro “300 Discos Importantes da Música Brasileira”, em parceria com Charles
Gavin, Tárik de Souza e Arthur Dapieve. Mais recentemente, editou a “Coleção
Folha Grandes Vozes” (2012), a “Coleção Folha Raízes da Música Popular
Brasileira” (2010) e a “Coleção Folha Clássicos do Jazz” (2007-2008), das quais
também é autor. Como crítico musical e repórter, desde a década de 1980 já
acompanhou dezenas de festivais de jazz e música popular, em diversos países da
América do Norte, Europa, África e Caribe. Colaborou com várias revistas
especializadas, como “Vogue”, “Raça Brasil”, “Showbizz”, “Som Três”, “Audio
News”, “Mais Jazz”, entre outras. Na área do cinema, foi consultor musical e
roteirista do documentário “O Avesso da Bossa” (2000, VideoFilmes), dirigido
por Rogério Gallo.
Helena Katz (www.helenakatz.pro.br): Conjugando sua atuação no
jornalismo cultural com atividades acadêmicas, é professora no Curso
Comunicação das Artes do Corpo e no Programa em Comunicação e Semiótica, na
PUC-SP, onde concluiu o doutorado (1994) com a tese “Um, Dois, Três. A Dança é
o Pensamento do Corpo”, publicada em 2005. Graduou-se em Filosofia na Faculdade
de Filosofia e Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971) e
exerce a função de crítica de dança desde 1977. Coordena o Centro de Estudos em
Dança-CED, que fundou em 1986, grupo de pesquisa certificado pelo CNPq. Em 2010
tornou-se também professora na Escola de Dança da Universidade Federal da
Bahia. Pesquisadora, professora, crítica e palestrante nas áreas de Comunicação
e Artes, desenvolve, em parceria com a Profa. Dra. Christine Greiner, a Teoria
Corpomídia (2001, 2003, 2004, 2005, 2007, 2009, 2010), na qual realiza uma nova
etapa com o projeto de pesquisa “Os Novos Estatutos do Corpo nas Sociedades
Pós-Ideológicas”. É membro do Grupo de Pesquisa DC3-Dança, Ciência, Comunicação
e Cultura, liderado pela Profa. Dra. Clélia Ferraz Pereira de Queiroz.
Ivana Bentes (www.twitter.com/ivanabentes): Pesquisadora na área de
Comunicação e Cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da
comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura
contemporânea, Ivana Bentes tem Mestrado e Doutorado em Comunicação pela Escola
de Comunicação da UFRJ, onde é professora da graduação e da pós-graduação em
Comunicação e Cultura. Concluiu o Mestrado em Comunicação, em 1991, com a tese
“Percepção e Verdade: da Filosofia ao Cinema”, em que relaciona a produção e
percepção das imagens a questões estéticas, políticas e filosóficas. Sua tese
de Doutorado “Teoria e Biografia na Obra de Glauber Rocha” relaciona estética e
política no contexto brasileiro (editada pela Companhia das Letras, em 1997,
sob o título “Cartas ao Mundo: Glauber Rocha”). É autora de “Joaquim Pedro de
Andrade: a revolução intimista” (Editora Relume Dumará, 1996). Atualmente
desenvolve a pesquisa: “Favela Global: riqueza da cultura e imagens da pobreza”
(Bolsa Vitae 2004) e “MidiArte”. É pesquisadora da Coordenação Interdisciplinar
de Estudos Culturais (CIEC) da ECO-UFRJ.
Wagner Schwartz (www.wagnerschwartz.com): Inicia seus
trabalhos coreográficos a partir de sua relação com a literatura brasileira e
com o sistema coercitivo religioso, em que viveu por quase 20 anos. A noção de
migração, particular às suas obras, tem seu fundamento na percepção cultural de
seu próprio nome, através da problematização das imigrações Suíças no Brasil e,
também, nas passagens que fez de um modelo de existência a outro: da religião à
filosofia, da biografia ao objeto. O andamento de suas experiências é elaborado
artisticamente a partir da necessidade de se transitar entre práticas e
culturas diferentes. Wagner traça a dramaturgia de seus trabalhos não somente
dentro do campo específico da dança contemporânea e de uma certa metodologia de
movimentos, mas usa das formas de composição de textos, música e cinema para
fazer visível a fisicalidade de seus experimentos. Sua única base é seu
website, que utiliza como composição de seus vários endereços ou várias
passagens de um local ao outro, de uma língua a outra, enquanto
sujeito-continente. O deslocamento é a figura central de suas criações, assim
como a imprevisibilidade, a tradução ou a catástrofe. Seus projetos têm sido
estudados em publicações dentro e fora do Brasil, como no livro “O fazer-dizer
do corpo: dança e performatividade”, de Jussara Sobreira Setenta, ou “Am Rand
der Körper: Inventuren des Unabgeschlossenen im zeitgenössischen Tanz” (À borda
do corpo: inventários da dança contemporânea inacabada), de Susanne Foellmer.
Marcelo Rezende (www.pequenocomite.com): Membro
integrante do PEQUENO COMITÊ – agência de projetos e ideias. Publicou os livros
“Ciência do Sonho – A Imaginação sem Fim do Diretor Michel Gondry”, “O Círculo”
e “Comunismo da Forma”. Foi editor de conteúdo do Programa Cultura e Pensamento
do Ministério da Cultura, criador do projeto editorial e editor-chefe da edição
“Ocupação do Espaço”. Trabalhou como editor da “Revista Bravo” (2005/2007);
diretor de redação da “Revista Cult” (2003/2005); correspondente internacional baseado
em Paris da “Gazeta Mercantil” (1998/2002); repórter para os suplementos
“Mais!” e “Ilustrada” da “Folha de São Paulo” (1993/1998); redator para o
programa “CineMTV”, sobre cinema, da MTV (1992/19993). É graduado em Comunicação Social
– Jornalismo pela PUC-SP (1986/1989) e Filosofia na Faculdade de Ciências
Humanas da USP (1987/1993) e a formações em Collège De France
– Rhétorique et Société en Europe – XVIe-XVIIe siécles e La Littérature européene
entre Surhomme et Homme du Sous-Sol – 1890-1930, (2001/2002).
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