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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

II Seminário Baiano de Crítica de Artes acontece nos dias 29 e 30 de outubro


FUNCEB dá continuidade ao Programa de Incentivo à Crítica de Artes, que também promoverá a Oficina de Qualificação em Crítica e o lançamento da Série Crítica das Artes

A Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (SecultBA), dá início às ações que integram o segundo ano do Programa de Incentivo à Crítica de Artes. Nos próximos dias 29 e 30 de outubro, o II Seminário Baiano de Crítica de Artes vai reunir profissionais brasileiros reconhecidos no campo para discutir a crítica de artes, com a proposta de divulgar a importância e os aspectos desta produção, agregar profissionais e estimular o interesse de novos autores críticos. O Seminário acontece no Espaço Xisto Bahia (Barris – Salvador), sempre das 9 às 13 horas. A entrada é gratuita, aberta ao público até lotação da sala e os interessados em garantir vaga devem fazer pré-inscrição pelo site www.fundacaocultural.ba.gov.br/criticadeartes. Para aqueles que não puderem se fazer presentes, os dois dias do evento terão transmissão ao vivo através do Portal do IRDEB (www.irdeb.ba.gov.br), com apoio da Diretoria de Audiovisual (DIMAS) da FUNCEB, permitindo também o acesso de pessoas do interior do estado e de todo o país.


Na segunda-feira (29 de outubro), o Seminário terá como convidadas a professora e crítica de dança Helena Katz e a ensaísta, professora, pesquisadora e curadora Ivana Bentes. Elas vão tratar do tema “Máquina de pós-produção”, explorando de que maneira a produção cultural de massa gerada no século 20 se coloca como uma imensa biblioteca da qual todos podem fazer uso, resultando numa possível indiferenciação entre as figuras do criador e do espectador na arte. De que maneira a produção e o comentário cultural realizados são afetados nesse processo? Qual o destino de uma cultura, antes erudita, agora apta a ser reinterpretada com a expansão e a popularização das novas tecnologias? Há um novo lugar para o público e o artista?

Já na terça-feira (30 de outubro), estarão o jornalista, crítico musical e editor Carlos Calado ao lado de Wagner Schwartz, performer, coreógrafo e linguista, para falar de “O negócio da cultura”, no entendimento de que a indústria da cultura se apresenta como qualquer outra: é necessário produzir, vender, comprar. Para isso há o marketing, o negócio e suas consequências. Essa indústria pode existir sem o comentário crítico? Ou ele é tão necessário que essa mesma indústria procura controlá-lo e moldá-lo, a fim de transformá-lo em um outro tipo de produto – que tem sua relevância determinada apenas pelo potencial e alcance de ser consumido? 

Nas duas datas, a mediação será feita por Marcelo Rezende, jornalista, editor, crítico e curador. Trata-se, portanto, de um conjunto de cinco profissionais de vasta experiência, capaz de dialogar com o público sobre a situação da crítica, as suas questões históricas e contemporâneas, fundamentos, finalidades, mercados e espaços de difusão.

Além da realização do II Seminário Baiano de Crítica de Artes, o Programa de Incentivo à Crítica de Artes vai promover, ainda neste ano de 2012, a Oficina de Qualificação em Crítica, processo formativo destinado à qualificação na produção de críticas de artes e à sustentabilidade do setor, prevista a ser iniciada em 12 de novembro, sob coordenação do professor Luiz Cláudio Cajaíba (UFBA) e com presença do professor Luiz Fernando Ramos (USP). Além disso, fará o lançamento da Série Crítica das Artes, coleção de publicações com temáticas diversas dentro do universo da crítica de artes, no intuito de promover a difusão de conteúdo sobre o tema, resgatar produções de profissionais notórios no campo e divulgar novos trabalhos.

Sobre o Programa de Incentivo à Crítica de Artes – Lançado pela FUNCEB/SecultBA em 2011, o Programa de Incentivo à Crítica de Artes se volta a esta produção artístico-intelectual, cuja tradição, atividade, empregabilidade e reconhecimento são ainda insuficientemente representativos na Bahia. Inserida na política de democratização do acesso à cultura e estímulo à formação artística dos criadores, técnicos, produtores e pesquisadores da área, a iniciativa objetiva promover a qualificação da crítica baiana e, com isso, contribuir para o desenvolvimento das artes produzidas no estado. Para tanto, foca na consolidação de um ambiente social propício ao acolhimento devido do setor cultural, investindo em ações estruturantes que envolvem formação, produção, criação e difusão do exercício da análise crítica nas áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro.

No ano passado, o Programa realizou duas ações: o I Seminário Baiano de Crítica de Artes, que reuniu profissionais de grande experiência na área de crítica cultural e crítica específica nas linguagens artísticas – entre eles, José Miguel Wisnik, Antônio Marcos Pereira e Ruy Gardnier. Além do público que participou gratuitamente das atividades, o evento também teve transmissão online em tempo real pelo Portal do IRDEB. Mais de 8.700 visitas de internautas foram registradas, contabilizando um total de 30.589 visualizações de página. Os registros de áudio das palestras e debates do I Seminário Baiano de Crítica de Artes estão disponíveis para audição e download no hotsite www.fundacaocultural.ba.gov.br/criticadeartes.

A outra realização foi o Concurso Estadual de Estímulo à Crítica de Artes, que premiou 20 autores de críticas em Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro, entre 43 concorrentes. O certame distribuiu mais de R$ 40 mil em premiações e os vencedores ainda terão seus textos publicados através da Série Crítica das Artes.

“O registro de números ainda pouco expressivos de críticas inscritas no Concurso de 2011 confirmou, de certa maneira, a necessidade de continuar investindo em ações de fortalecimento deste campo”, considera Alexandre Molina, diretor das Artes da FUNCEB, que complementa: “Os resultados puderam também colaborar para o aperfeiçoamento do Programa de Incentivo à Crítica de Artes e para a elaboração de projetos estruturantes a serem promovidos nesta área”. A reavaliação do Programa também se deu a partir de reuniões internas, consultas a estudiosos da área e de um encontro onde estiveram presentes representantes das Pós-Graduações em Artes (Artes Cênicas, Artes Visuais, Dança, Literatura e Música) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Desta maneira, em 2012, a FUNCEB apresenta o Programa de Crítica de Artes reformulado e ampliado, trazendo ações que se fundamentam na reflexão, formação, qualificação e atração de novos interessados em atuar na área.

Os convidados do II Seminário Baiano de Crítica de Artes
Carlos Calado (www.carloscalado.com.br): Jornalista, crítico musical e editor, Carlos Calado escreve para o jornal “Folha de S. Paulo” desde 1986. Na última década também tem colaborado com o caderno cultural do “Valor Econômico”. Desde 2009 mantém na internet um blog especializado em música popular brasileira e diversas vertentes da música afro-americana. Mestre em Artes pela Universidade de São Paulo, é autor dos livros “Tropicália: A História de Uma Revolução Musical” (Editora 34, 1997), “A Divina Comédia dos Mutantes” (Editora 34, 1995), “O Jazz Como Espetáculo” (Ed. Perspectiva, 1990), “Jazz ao Vivo” (Ed. Perspectiva, 1989), entre outros. Em 2008, escreveu também o livro “300 Discos Importantes da Música Brasileira”, em parceria com Charles Gavin, Tárik de Souza e Arthur Dapieve. Mais recentemente, editou a “Coleção Folha Grandes Vozes” (2012), a “Coleção Folha Raízes da Música Popular Brasileira” (2010) e a “Coleção Folha Clássicos do Jazz” (2007-2008), das quais também é autor. Como crítico musical e repórter, desde a década de 1980 já acompanhou dezenas de festivais de jazz e música popular, em diversos países da América do Norte, Europa, África e Caribe. Colaborou com várias revistas especializadas, como “Vogue”, “Raça Brasil”, “Showbizz”, “Som Três”, “Audio News”, “Mais Jazz”, entre outras. Na área do cinema, foi consultor musical e roteirista do documentário “O Avesso da Bossa” (2000, VideoFilmes), dirigido por Rogério Gallo.

Helena Katz (www.helenakatz.pro.br): Conjugando sua atuação no jornalismo cultural com atividades acadêmicas, é professora no Curso Comunicação das Artes do Corpo e no Programa em Comunicação e Semiótica, na PUC-SP, onde concluiu o doutorado (1994) com a tese “Um, Dois, Três. A Dança é o Pensamento do Corpo”, publicada em 2005. Graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971) e exerce a função de crítica de dança desde 1977. Coordena o Centro de Estudos em Dança-CED, que fundou em 1986, grupo de pesquisa certificado pelo CNPq. Em 2010 tornou-se também professora na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora, professora, crítica e palestrante nas áreas de Comunicação e Artes, desenvolve, em parceria com a Profa. Dra. Christine Greiner, a Teoria Corpomídia (2001, 2003, 2004, 2005, 2007, 2009, 2010), na qual realiza uma nova etapa com o projeto de pesquisa “Os Novos Estatutos do Corpo nas Sociedades Pós-Ideológicas”. É membro do Grupo de Pesquisa DC3-Dança, Ciência, Comunicação e Cultura, liderado pela Profa. Dra. Clélia Ferraz Pereira de Queiroz.

Ivana Bentes (www.twitter.com/ivanabentes): Pesquisadora na área de Comunicação e Cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea, Ivana Bentes tem Mestrado e Doutorado em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ, onde é professora da graduação e da pós-graduação em Comunicação e Cultura. Concluiu o Mestrado em Comunicação, em 1991, com a tese “Percepção e Verdade: da Filosofia ao Cinema”, em que relaciona a produção e percepção das imagens a questões estéticas, políticas e filosóficas. Sua tese de Doutorado “Teoria e Biografia na Obra de Glauber Rocha” relaciona estética e política no contexto brasileiro (editada pela Companhia das Letras, em 1997, sob o título “Cartas ao Mundo: Glauber Rocha”). É autora de “Joaquim Pedro de Andrade: a revolução intimista” (Editora Relume Dumará, 1996). Atualmente desenvolve a pesquisa: “Favela Global: riqueza da cultura e imagens da pobreza” (Bolsa Vitae 2004) e “MidiArte”. É pesquisadora da Coordenação Interdisciplinar de Estudos Culturais (CIEC) da ECO-UFRJ.

Wagner Schwartz (www.wagnerschwartz.com): Inicia seus trabalhos coreográficos a partir de sua relação com a literatura brasileira e com o sistema coercitivo religioso, em que viveu por quase 20 anos. A noção de migração, particular às suas obras, tem seu fundamento na percepção cultural de seu próprio nome, através da problematização das imigrações Suíças no Brasil e, também, nas passagens que fez de um modelo de existência a outro: da religião à filosofia, da biografia ao objeto. O andamento de suas experiências é elaborado artisticamente a partir da necessidade de se transitar entre práticas e culturas diferentes. Wagner traça a dramaturgia de seus trabalhos não somente dentro do campo específico da dança contemporânea e de uma certa metodologia de movimentos, mas usa das formas de composição de textos, música e cinema para fazer visível a fisicalidade de seus experimentos. Sua única base é seu website, que utiliza como composição de seus vários endereços ou várias passagens de um local ao outro, de uma língua a outra, enquanto sujeito-continente. O deslocamento é a figura central de suas criações, assim como a imprevisibilidade, a tradução ou a catástrofe. Seus projetos têm sido estudados em publicações dentro e fora do Brasil, como no livro “O fazer-dizer do corpo: dança e performatividade”, de Jussara Sobreira Setenta, ou “Am Rand der Körper: Inventuren des Unabgeschlossenen im zeitgenössischen Tanz” (À borda do corpo: inventários da dança contemporânea inacabada), de Susanne Foellmer.

Marcelo Rezende (www.pequenocomite.com): Membro integrante do PEQUENO COMITÊ – agência de projetos e ideias. Publicou os livros “Ciência do Sonho – A Imaginação sem Fim do Diretor Michel Gondry”, “O Círculo” e “Comunismo da Forma”. Foi editor de conteúdo do Programa Cultura e Pensamento do Ministério da Cultura, criador do projeto editorial e editor-chefe da edição “Ocupação do Espaço”. Trabalhou como editor da “Revista Bravo” (2005/2007); diretor de redação da “Revista Cult” (2003/2005); correspondente internacional baseado em Paris da “Gazeta Mercantil” (1998/2002); repórter para os suplementos “Mais!” e “Ilustrada” da “Folha de São Paulo” (1993/1998); redator para o programa “CineMTV”, sobre cinema, da MTV (1992/19993). É graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC-SP (1986/1989) e Filosofia na Faculdade de Ciências Humanas da USP (1987/1993) e a formações em Collège De France – Rhétorique et Société en Europe – XVIe-XVIIe siécles e La Littérature européene entre Surhomme et Homme du Sous-Sol – 1890-1930, (2001/2002).

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