Morte
e Gênero – Estudos Sobre a Obra de Jorge Amado, dos professores da UESC, André
Rosa e Sandra Sacramento, mais que uma iniciativa de publicação da Mondrongo
Livros – a editora do Teatro Popular de Ilhéus, é a busca da valorização da
cultura produzida em terras sul baianas. O livro será lançado oficialmente no
próximo dia 08 de novembro, em Ilhéus, na Casa de Jorge Amado, a partir das
18:30 horas.
Como
sugerido pelo próprio título, a obra aborda dois temas recorrentes na obra do
mais canônico escritor baiano, quiçá brasileiro: as representações da morte e
do feminino analisadas em alguns dos seus mais importantes textos ficcionais.
A
primeira parte, de autoria do historiador André Rosa, busca discutir o papel do
fenômeno da morte na literatura jorgeamadiana no processo de construção
ficcional da identidade regional e a sua contribuição na formação da imagem que
a sociedade cacaueira fez e faz de si mesma. O texto defende a tese que a
literatura jorgeamadiana passou a legitimar, no terreno do imaginário, a
existência de uma “civilização grapiúna”, com base no cultivo do cacau, e
forneceu referências para a identidade regional em relação ao conjunto de
identidades brasileiras e baianas, a partir das experiências vivenciadas e
criadas pelo autor. Entendo o autor que, ao articular ficção e contexto
histórico, a literatura produzida por Jorge Amado, desempenhou um importante
papel na configuração de uma memória social para uma área delimitada no
Nordeste cacaueiro.
A
segunda parte, de autoria da doutora em Letras Sandra Sacramento, estuda os
perfis femininos que revelam um novo olhar sobre a mulher no Brasil, a partir
da ruptura de determinados padrões de comportamento social presentes nas
personagens jorgeamadianas. A autora divide seu trabalho em análises teóricas
que se iniciam com o estudo da face obscura do feminino em Tocaia Grande,
perpassando pelas relações identitárias femininas em Terras do Sem fim. Mais
adiante, somos convidados a pensar a questão de gênero e hibridismo cultural em
Dona Flor e seus dois maridos. A discussão da construção do Estado-nação e das
comunidades imaginadas se apresenta no texto sobre o discurso contra-hegemônico
e o feminino na literatura jorgeamadiana. Sacramento traz, ainda, mediante o
estudo de Jubiabá, questões tais como a solidariedade feminina, a condição da
mulher negra e o pós-feminismo e identidade.
Morte
e Gênero – Estudos Sobre a Obra de Jorge Amado, busca dessa forma, ampliar os
estudos e debates sobre a obra de um dos maiores tradutores da realidade
brasileira, ministro de Xangô e mestre da cultura Popular, o “contador de
estórias” Jorge Amado.
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