Não que me preocupe tanto assim com o
planeta. Me preocupo, claro, mas não palestraria sobre o assunto (desconfio que
nunca palestrarei sobre coisa alguma). Se um vulcão acorda ou o Sandy resolve
passear, de alguma forma eu continuo na mesma, e isso, embora pareça ser uma
atitude egoísta, é somente o simples e natural mecanismo da existência. Porque
ninguém sofre, de verdade, por osmose. Imagino que grande parte da humanidade
também pense assim.
Enquanto isso, urubus sobrevoam a
praia do Malhado, mórmons andam apressados e alguma professora, com um livro na
mão, diz para a sua turma que a terra é azul quando vista de cima e que as
geleiras um dia vão derreter.
- Ah, vida, que merda fiz de ti?
Acho que foi o Dalton quem disse que
todo mundo se trai.
Mudando de conversa, pro negócio não
ficar profundo demais, fui ontem ao cinema. Filmezinho fuleiro, paródia de
muitos, um ou outro que já assisti. Dei umas risadinhas, claro, mas depois o
filme ficou se repetindo, entrou numa mesmice danada e então me veio a desconfiança
de que tudo é uma espécie de sofismo ou engodo – o cinema, a paródia, a pipoca
e o refrí de 350 ml. Artimanhas pra fazer com que o negócio todo soe melhor. No
mesmo esquema, os concursos de misses, as passeatas, as ongs, as amways, os
rpgs e a coleção de carrinhos.
Uma hora a gente fica achando que deve
ter algo mais.
E lá vem a da profundidade outra vez. Sou
canceriano, me perdoem. Quase qualquer beijo de novela me faz chorar.
De qualquer modo, agora chove lá fora,
nuvens de tudo quanto é tonalidade e formato: uma se parece com a cabeça de um
cachorro, a outra é uma flor, mas bem que poderia ser o Patrick, a estrela do
mar.
(Há dias em que a gente sente que são
apenas o espaço entre uma coisa e outra, entre o tempo que foi e o que vem (E a
chuva bem que poderia ser o choro de Deus)).
Daqui a pouco o sol aparece outra vez.
Rodrigo Melo é filho de Eduardo e Márcia, irmão de Juliano e Murilo, casado com Thalita, pai de Amaralina, uma menina linda, e é também brodão de Diná e Brooks, que joga umas danças por aí. Além disso, escreve uma coluna, blablablá, no Diário de Ilhéus, quase todos os sábados
Nenhum comentário:
Postar um comentário