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domingo, 2 de dezembro de 2012

Ultimamente o clima anda por demais imprevisível - por RODRIGO MELO

Ultimamente o clima anda por demais imprevisível, como se diz: uma hora chove para carajo, noutra faz um calor de matar e, de repente, minutos depois, volta a chover outra vez. Eu, que valorizo a insensatez, já deveria ter me acostumado às tais mudanças climáticas, mas acontece que vez ou outra me descubro surpreso e surpreendido com toda essa variação, imaginando que a culpa é do desodorante ou da descarga do caminhão, e que um dia o homem ainda vai foder com tudo, se não já fodeu. Coisas da vida.

Não que me preocupe tanto assim com o planeta. Me preocupo, claro, mas não palestraria sobre o assunto (desconfio que nunca palestrarei sobre coisa alguma). Se um vulcão acorda ou o Sandy resolve passear, de alguma forma eu continuo na mesma, e isso, embora pareça ser uma atitude egoísta, é somente o simples e natural mecanismo da existência. Porque ninguém sofre, de verdade, por osmose. Imagino que grande parte da humanidade também pense assim.


Enquanto isso, urubus sobrevoam a praia do Malhado, mórmons andam apressados e alguma professora, com um livro na mão, diz para a sua turma que a terra é azul quando vista de cima e que as geleiras um dia vão derreter.

     - Ah, vida, que merda fiz de ti?

Acho que foi o Dalton quem disse que todo mundo se trai.
Mudando de conversa, pro negócio não ficar profundo demais, fui ontem ao cinema. Filmezinho fuleiro, paródia de muitos, um ou outro que já assisti. Dei umas risadinhas, claro, mas depois o filme ficou se repetindo, entrou numa mesmice danada e então me veio a desconfiança de que tudo é uma espécie de sofismo ou engodo – o cinema, a paródia, a pipoca e o refrí de 350 ml. Artimanhas pra fazer com que o negócio todo soe melhor. No mesmo esquema, os concursos de misses, as passeatas, as ongs, as amways, os rpgs e a coleção de carrinhos.

Uma hora a gente fica achando que deve ter algo mais.
E lá vem a da profundidade outra vez. Sou canceriano, me perdoem. Quase qualquer beijo de novela me faz chorar.

De qualquer modo, agora chove lá fora, nuvens de tudo quanto é tonalidade e formato: uma se parece com a cabeça de um cachorro, a outra é uma flor, mas bem que poderia ser o Patrick, a estrela do mar.

(Há dias em que a gente sente que são apenas o espaço entre uma coisa e outra, entre o tempo que foi e o que vem (E a chuva bem que poderia ser o choro de Deus)).

Daqui a pouco o sol aparece outra vez.




Rodrigo Melo é filho de Eduardo e Márcia, irmão de Juliano e Murilo, casado com Thalita, pai de Amaralina, uma menina linda, e é também brodão de Diná e Brooks, que joga umas danças por aí. Além disso, escreve uma coluna, blablablá, no Diário de Ilhéus, quase todos os sábados

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