Com o tempo você aprende a lidar com seus amores. Não só com seus amores, mas com seus desejos. Não que não vá te dilacerar; vai sim. Você vai sentir da mesma maneira mas não doerá tanto quanto da primeira vez, não te deixará tão ansioso e sem controle como quando não compreendia o teu sentimento.
Não é um
aprendizado que te torna desprezível, frio, insensível. É apenas a consciência
prévia do movimento de forças que você tem ao seu redor. Eu, por exemplo,
aprendi a declarar minhas palavras ao vento ao meu redor. Não é de frente pro
espelho, não é olhando a minha face patética ao falar sozinho, senão mirando o
mar, espalhando essas pequenas gotas de saliva das palavras já tão
sedimentadas, transformando-as em pequenos grãos de areia à passear ao vento.
Na realidade
não se tem muito controle. Simplesmente se sente. E depois de um certo tempo
uma pessoa aprende a deixar-se conduzir por essa energia misteriosa que
transforma a maneira como você enxerga o dia e a noite. Não é Deus, não são os
lisérgicos. Não é uma resposta que encontra um par coerente na genética ou na
religião. Ela está num campo invisível, num mundo intermediário, uma zona
incógnita tocada pelas palavras que simplesmente saem da gente e, por que não,
enfrentam o mundo.
Pedro Paulo escritor, pensador nas horas vagas e poeta quando a inspiração vem. Nasceu no Rio, viveu catorze anos na Bahia e agora vive em Montevidéu, no Uruguai. Seu blog pessoal é o www.pedropaulo.blogspot.com
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