Uma
tragédia em Olivença nos fins de 1905, a luta entre as facções políticas do
Coronel Manoel Nonato do Amaral e o Coronel Domingos Adami de Sá.
O
lugarejo possuía apenas 30 casas de palha, 10 de telha e uma igreja construída
no tempo dos jesuítas, mas era cobiçado pelos mesmos grupos que lideravam a
política em Ilhéus.
Após
as eleições de 1903 Olivença passou a ter dois intendentes, um eleito e
empossado, o Capitão Paulino Ribeiro, correligionário do Coronel Domingos Adami
de Sá e João Mangabeira, o outro, também considerado eleito, mas não empossado,
era o Capitão Cornélio Cunha, pertencente ao grupo do Coronel Manoel Nonato do
Amaral. O governo do Estado não havia reconhecido oficialmente a legitimidade
de nenhuma das duas eleições.
Uma
matéria do jornal “A Lucta”, de 27 de dezembro de 1905, comenta que o Capitão
Ângelo Francisco Cunha, que chegou a Olivença como comissário de polícia,
incentivou Cornélio Cunha a se apossar do cargo de Intendente de Olivença. O
plano foi arrumado e o primeiro passo a ser cumprido foi assassinar, de tocaia,
o subcomissário Gabriel André, amigo intimo de Paulino Ribeiro, que foi
intimado a ir depor em Ilhéus. Na segunda parte do plano Cornélio Cunha e seus
vereadores se apossaram do Governo de Olivença, protegidos pelo destacamento
policial comandado pelo Capitão Ângelo Francisco da Silva.
Mesmo
avisado do perigo, Paulino Ribeiro, acompanhado do Secretário da Intendência e
seis vereadores, seus parentes, voltou para Olivença, na tarde de 21 de dezembro,
foram para o consistório da Igreja matriz onde funcionava o Executivo do
Município. Na mesma hora foram cercados por duzentos jagunços armados de
repetição que iniciaram violento tiroteio comandado por Cornélio Cunha e Maneca
Saboeiro. Os sitiados armados de revólveres resistiram durante várias horas. À
meia noite Paulino Ribeiro caiu morto, durante a madrugada outros quatros
sitiados tentaram furar o cerco e foram mortos. Os três restantes refugiaram-se
no forro da igreja onde foram massacrados. Na manhã do dia seguinte, 22 de
dezembro de 1905, no centro da nave da igreja oito cadáveres mutilados formavam
um quadro terrível que ninguém teve coragem de olhar. A povoação ficou deserta.
Em
janeiro o Coronel Manoel Nonato do Amaral, Cornélio Cunha e Maneca Saboeiro
foram presos e conduzidos para Ilhéus de onde foram libertados por um Habeas
Corpus concedido pelo Juiz de Direito. Foram processados como autores da
chacina, compareceram duas vezes ao Tribunal do Júri sendo considerados
inocentes.
Alfredo Amorim é ilheense nascido e criado nessas terras, membro do Instituto Histórico de Ilhéus e observador atento das ruas da cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário