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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A tragédia de Olivença - por ALFREDO AMORIM


Uma tragédia em Olivença nos fins de 1905, a luta entre as facções políticas do Coronel Manoel Nonato do Amaral e o Coronel Domingos Adami de Sá.

O lugarejo possuía apenas 30 casas de palha, 10 de telha e uma igreja construída no tempo dos jesuítas, mas era cobiçado pelos mesmos grupos que lideravam a política em Ilhéus.


Após as eleições de 1903 Olivença passou a ter dois intendentes, um eleito e empossado, o Capitão Paulino Ribeiro, correligionário do Coronel Domingos Adami de Sá e João Mangabeira, o outro, também considerado eleito, mas não empossado, era o Capitão Cornélio Cunha, pertencente ao grupo do Coronel Manoel Nonato do Amaral. O governo do Estado não havia reconhecido oficialmente a legitimidade de nenhuma das duas eleições.
           
Uma matéria do jornal “A Lucta”, de 27 de dezembro de 1905, comenta que o Capitão Ângelo Francisco Cunha, que chegou a Olivença como comissário de polícia, incentivou Cornélio Cunha a se apossar do cargo de Intendente de Olivença. O plano foi arrumado e o primeiro passo a ser cumprido foi assassinar, de tocaia, o subcomissário Gabriel André, amigo intimo de Paulino Ribeiro, que foi intimado a ir depor em Ilhéus. Na segunda parte do plano Cornélio Cunha e seus vereadores se apossaram do Governo de Olivença, protegidos pelo destacamento policial comandado pelo Capitão Ângelo Francisco da Silva.
           
Mesmo avisado do perigo, Paulino Ribeiro, acompanhado do Secretário da Intendência e seis vereadores, seus parentes, voltou para Olivença, na tarde de 21 de dezembro, foram para o consistório da Igreja matriz onde funcionava o Executivo do Município. Na mesma hora foram cercados por duzentos jagunços armados de repetição que iniciaram violento tiroteio comandado por Cornélio Cunha e Maneca Saboeiro. Os sitiados armados de revólveres resistiram durante várias horas. À meia noite Paulino Ribeiro caiu morto, durante a madrugada outros quatros sitiados tentaram furar o cerco e foram mortos. Os três restantes refugiaram-se no forro da igreja onde foram massacrados. Na manhã do dia seguinte, 22 de dezembro de 1905, no centro da nave da igreja oito cadáveres mutilados formavam um quadro terrível que ninguém teve coragem de olhar. A povoação ficou deserta.
           
Em janeiro o Coronel Manoel Nonato do Amaral, Cornélio Cunha e Maneca Saboeiro foram presos e conduzidos para Ilhéus de onde foram libertados por um Habeas Corpus concedido pelo Juiz de Direito. Foram processados como autores da chacina, compareceram duas vezes ao Tribunal do Júri sendo considerados inocentes.
            
 

Alfredo Amorim é ilheense nascido e criado nessas terras, membro do Instituto Histórico de Ilhéus e observador atento das ruas da cidade.

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