Na manhã do dia 23 de agosto de
1939, ao tentar entra na barra de Ilhéus, o iate Itacaré, da empresa
Policultora, foi açoitado por enormes vagalhões e emborcou completamente
ficando com o casco virado para cima.
A catástrofe
foi presenciada por pessoas que se encontravam na Avenida Soares Lopes e a
notícia correu rapidamente pela cidade.
Às
dez horas as turmas de salvamento trouxeram os primeiros mortos e
sobreviventes. Todos os médicos da cidade mobilizaram-se para atender as
vítimas no Ilhéus Hotel, Farmácia Central, Hospital São José e Casa de Saúde
São Jorge. A lista de passageiros não era conhecida e os boatos mais
desencontrados intranqüilizavam a população.
A
pedido do Prefeito Mário Pessoa a Secretaria de Segurança Pública transmitiu a
lista dos passageiros pelo rádio: viajavam no Itacaré 47 passageiros e 22 tripulantes. Os mortos
eram transportados para o edifício do antigo Hotel Coelho, na Praça Luis Viana,
hoje Praça Dom Eduardo, em frente ao Cine Teatro Ilhéus, muitas pessoas que na hora do
naufrágio se encontravam nos camarotes, não conseguiram sair e ficaram
trancadas sem poder se retirar. As equipes de salvamento tentavam
desesperadamente cortar o casco do navio com marretas e maçaricos sem conseguir,
no final da tarde quatro pessoas conseguiram sair pelas vigias, entre elas o
Tenente Efigênio Matos e a professora Maria Joana de Souza.
A família Badaró socorreu seis
náufragos em sua residência no morro de Pernambuco. O comandante do Itacaré,
Carlos José Oliveira e o comissário de bordo, Gregório, foram conduzidos para a
residência de Arquimedes Amazonas, no Pontal. À noite se ouvia do morro de
Pernambuco os pedidos de socorro das pessoas que se encontravam, presas no
casco do iate submerso. Às 10 horas da manhã do dia 24 foram sepultados, no
Cemitério da Vitória, os corpos de doze vítimas da catástrofe, entre elas cinco
filhos do casal José e Alexandrina Pinheiro, que perderam no naufrágio onze
filhos, seis morreram presos dentro do navio.
O
total de vítimas do naufrágio chegou a trinta pessoas, entre passageiros e
tripulantes. Entre as vítimas estavam o Tenente Otto do Nascimento Rhem e o
Cônego Joaquim Diamantino, vigário da Paróquia de Catú.
O
naufrágio do Itacaré, por causa da grande tragédia que foi, repercutiu em todo
o país e causou revolta na população de Ilhéus contra a firma que agenciava o
iate, acusada de negligência e irresponsabilidade. A opinião geral apontava a
falta de lastro como causa principal da catástrofe, dizia-se que na viagem
anterior para Salvador o iate viajara sem lastro a fim de levar um volume maior
de carga e que, na volta, mais leve, sem estabilidade suficiente, virou ao
impacto das ondas na entrada da barra.
Foram
apontados como responsáveis pela catástrofe o Comandante do iate, o armador e o
prático da barra de Ilhéus. Dois anos depois os acusados foram inocentados pelo
Tribunal Marítimo do Rio de Janeiro.
No
dia 26 deveria se realizar a “Passeata do Silêncio”, da Praça Firmino Amaral
até o Cemitério da Vitória, a manifestação foi proibida pela Secretaria de Segurança
Pública, com medo de retaliações, tanto que soldados guardavam o edifício onde
funcionava a firma Correia Ribeiro & Cia., agente do Itacaré.
Um
dos grandes heróis do naufrágio foi o ilheense Waldemar (Vavá) Virolli, ex-marinheiro,
que ganhou uma medalha de Honra ao Mérito, medalha de ouro, num programa da
Radio Nacional do Rio de janeiro, que homenageava os autores de grandes
façanhas, por causa dos salvamentos que fez, Waldemar era uma grande figura,
morava na Fonte da Cruz, baixinho, bebia demais, um dos seus divertimentos era
nadar até a pedra do rapa.
A
Cruzada do Bem pelo Bem organizou uma campanha de ajuda aos sobreviventes do
naufrágio e a família Badaró mandou construir um cruzeiro no morro de
Pernambuco, na entrada da barra, em frente ao local do naufrágio.
Alfredo Amorim é ilheense nascido e criado nessas terras, membro do Instituto Histórico de Ilhéus e observador atento das ruas da cidade.
fonte da imagem: http://aculturadagente.blogspot.com.br/2011/06/o-fim-do-itacare.html
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