Início

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O que se sente e o mar (parte I) - por PEDRO PAULO


O devastador poder que as pessoas tem para influenciar as outras é algo muito interessante. Às vezes, pessoas regem o que nosso coração sente, sem um motivo aparente: eles simplesmente passam a se comportar de outra maneira, como se a maneira natural de agir sofresse um bypass cerebral e você simplesmente ignorasse agir de outra maneira. Isso vai te consumindo, vai te desgastando. É muito forte. Já fazia algum tempo que não deixava alguém me influenciar assim. Digo, de maneira tão íntima. Óbvio que a gente se deixa envolver algumas vezes, mas tudo varia muito com o grau de contato e conexão que você tem com a pessoa.Dependendo de quem seja, essa forças movem seu corpo inteiro rumo ao desconhecido, rumo ao inexplicável. Os questionamentos internos alimentam ainda mais essa incógnita, e é como sentir toda essa energia pronta para ser espalhada, e não espalhá-la. É tudo muito forte e ao mesmo tempo muito sutil. É difícil de lidar.


 Não foram muitas vezes que senti isso, mas com o avançar dos anos, e dos nãos, a pessoa vai aprendendo a lidar com isso. É como se o seu sentimento fosse um caminhão desgovernado, deslizando numa pista molhada por uma chuva torrencial. Um caminhão deslizando sem destino, e de repente o seu coração se torna gélido e sem esperança no futuro ao ver que a trajetória do caminhão e suas partes está como a alguns metros de você. Não adianta tentar desviar. Existem momentos que foram fadados a acontecer, cedo ou tarde. Como um repeat eterno do piano de Mad World, do Gary Jules. O mundo te expõe a um turbilhão de sentimentos que simplesmente fluem, líquidos, mas essa água te atinge com tanta força que é como tentar pular, sem sucesso, uma onda. Você sente a água fluindo, a impotência de poder livrar-se dela ou subir à margem. Você simplesmente perde o controle do seu corpo e o entrega ao grande mar.

 Sem resposta. Sem possibilidade de escolher a direção. Até que essa tempestade de dentro do mar se acalma e te permite beijar a superficie com a sua boca sedenta por ar. Estamos sempre sedentos, e estamos sempre aguardando esse breve momento como se fosse o último, cada vez que somos, de alguma maneira, atingidos por essa vibração.

 Mesmo que ela nunca venha.

  


fonte da imagem: http://blog.daysesene.com/2011/06/o-mar.html

Nenhum comentário: