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domingo, 3 de março de 2013

Senhor José Rubem Fonseca - por RODRIGO MELO


- Senhor José Rubem Fonseca?!
- Eu!
- Pode vir aqui, Seu José.
- Dá licença.
- Pode se sentar. O senhor trabalha  
  com o quê?
- Hoje eu sou motorista.
- Caminhão?
- Não, ônibus.
- E estudou até que série?
- Estudei até a segunda. Sou arrimo, doutor. Trabalho desde cedo.

- Segunda do primário ou do ginásio?
- Do primário.
- O senhor escreve o nome completo?
- Qual nome?
- O seu.
- Demora um pouco, né.
- Mas escreve?
- Olhando o papel, escrevo sim.
- Certo.
- É que às vezes a mão treme, doutor.
- O senhor escreve com a mão direita ou esquerda?
- Com essa daqui.
- Levanta as duas assim.
- As duas?
- Isso. É uma cicatriz esse negócio aqui?
- Corte de facão, doutor. Trabalhei na roça muitos anos.
- Tudo isso foi corte de facão?
- A maioria. Tem algum problema?
- Não, é que tenho que escrever aqui. A gente tem que colocar   
  tudo. Agora o senhor vai olhar para a câmera até essa luz aqui   
   piscar.
- Essa?
- É. Vira um pouco o seu rosto pra esse lado.
- Desse jeito?
- Isso. Um pouco mais pra cá. Agora pára... Pronto!
- Acabou?
- Acabou. Agora vão te chamar pra assinar. Trouxe o papelzinho?
- Ta aqui.
- O senhor já pode aguardar ali. Muito obrigado, Seu José.
- Disponha. Uma boa tarde.
- Boa tarde... Senhor Dalton Jérson Trevisan?!
- Pois não?
- Pode se sentar aí, Seu Dalton. O senhor trabalha com o quê?
- Ih, meu filho...


Rodrigo Melo é filho de Eduardo e Márcia, irmão de Juliano e Murilo, casado com Thalita, pai de Amaralina, uma menina linda, e é também brodão de Diná e Brooks, que joga umas danças por aí. Além disso, escreve uma coluna, blablablá, no Diário de Ilhéus, quase todos os sábados.


fonte da imagem: http://www.visionquest.com.br/sem-categoria/dialogo-parte-1/

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