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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Anunciado resultado do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013


Em sua 5ª edição, ampliada para três categorias, concurso premia os fotógrafos André Penteado (SP), André Hauck (MG) e Letícia Lampert (RS), dentre 317 propostas inscritas

A Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), divulga o resultado do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013, um dos maiores concursos para trabalhos fotográficos do Brasil. Nesta sua 5ª edição, o certame vai distribuir R$ 120 mil em três categorias. Na categoria principal, “Livre Temática e Técnica”, o selecionado foi André Penteado, de São Paulo, com o trabalho O Suicídio de Meu Pai. Em “Fotografia Documental”, André Hauck, de Minas Gerais, venceu com a série Desvios. Em “Trabalhos de Inovação e Experimentação na Área de Fotografia”, o prêmio ficou para Letícia Lampert, do Rio Grande do Sul, com o ensaio Conhecidos de Vista. O resultado da seleção, com as listas finais de classificação e suplentes, está disponível no site da FUNCEB: www.fundacaocultural.ba.gov.br.


Foi contabilizado um recorde de inscritos: 317 propostas – quase três vezes mais que os 109 do biênio 2010/2011 –, oriundas de 19 estados de todas as regiões brasileiras e do Distrito Federal. O Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013 também foi marcado por uma ampliação significativa, reforçando seu papel no intuito de incentivar, divulgar e valorizar a produção fotográfica brasileira. Até a 4ª edição, o concurso concedia prêmio único a um conjunto fotográfico de temática e técnica livres, para condecoração no valor de R$ 30 mil somada a apoio financeiro para a realização de uma exposição individual em Salvador e publicação de um catálogo com o ensaio, totalizando então um investimento de R$ 60 mil. Agora, com um ganho orçamentário de 100%, o prêmio original, em suas mesmas condições, foi transformado na categoria “Livre Temática e Livre Técnica”, e foram criados dois novos prêmios de R$ 30 mil para as outras duas modalidades. Esta conquista é resultante do diálogo da classe de fotógrafos com a FUNCEB e a SecultBA, que demandou a extensão do prêmio para contemplação de trabalhos diferenciados na área.

A comissão de seleção foi formada por Dirceu Maués, nascido em Belém (PA) e radicado em Brasília (DF), artista premiado, com participação em diversos eventos e projetos no Brasil e no exterior, e que desenvolve trabalho autoral nas áreas da fotografia e vídeo com base em pesquisas na construção de câmeras artesanais e na utilização de aparelhos precários; Emanoel Castro Oliveira, natural de São Miguel das Matas (BA), fotógrafo, bacharel em Direito, pós-graduado em Fotografia como Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais; Marcelo Rezende, paulista residente em Salvador, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), jornalista, editor, crítico e curador, foi editor de conteúdo do Programa Cultura e Pensamento do Ministério da Cultura e da revista Bravo!, além de diretor de redação da revista Cult e repórter de cultura para diversos veículos nacionais; Pedro David, de Santos Dumont (MG), formado em jornalismo, fotógrafo que contabiliza oito importantes prêmios, entre eles o próprio Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, que venceu na edição 2010/2011, e que participa de diversas coleções de arte públicas e privadas, no Brasil e no exterior; e Rodrigo Rossoni, nascido em Aracruz (ES), residente em Salvador, Professor Adjunto na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), atuando no campo da fotografia, doutor em Educação com pesquisa sobre os fotógrafos documentaristas formados pela Escola de Fotógrafos Populares no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e mestre em Educação na linha de pesquisa Educação e Linguagem Visual.

André Penteado e O Suicídio de Meu Pai
Nascido e residente em São Paulo, o vencedor da categoria principal, “Livre Temática e Técnica”, vai realizar em Salvador a exposição do trabalho e publicar um catálogo com as fotografias. André atua como fotógrafo desde 1993. Entre diversas exposições coletivas e individuais, O Suicídio de Meu Pai já foi exposto em Buenos Aires e em Londres. “A obra se constitui em um ensaio coeso, híbrido e profundo sobre uma passagem difícil da vida do autor”, resume o parecer da comissão de seleção do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013. Segundo André, o trabalho busca compreender e discutir, através da fotografia, o impacto psicológico que o suicídio de uma pessoa provoca em seus familiares, a partir de uma experiência individual: o suicídio do próprio pai, em 2007. Nas imagens, registram-se três momentos do luto: a dor e o choque pelo recebimento da notícia, passando pelo velório; o processo de “despedida” vivido nas semanas seguintes; e as consequências emocionais da perda a longo prazo.

André morava em Londres quando a morte do pai ocorreu. Voou para São Paulo para comparecer ao velório e funeral, que fotografou. Semanas depois, experimentou as roupas do pai e resolveu fotografar a si mesmo vestindo-as. Os cabides vazios também viraram foco de suas lentes. “Este trabalho surgiu tanto de minha reflexão sobre a teatralidade do suicídio quanto da minha decisão em usar um fato tão pessoal como objeto de uma exposição”, define em André na descrição de sua proposta.

André Hauck e Desvios
De Belo Horizonte, Minas Gerais, André Hauck é mestre em Artes e Tecnologia e graduado em Escultura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já realizou exposições individuais, coletivas e residências artísticas no Brasil e no exterior. Segundo a comissão de seleção do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013, na série Desvios, selecionada da categoria “Fotografia Documental”, “O autor realiza um trabalho de documentação com meticulosa preocupação com o tempo em que está inserido. Sua pesquisa registra não só a arquitetura vernacular de um grande centro urbano, como também as modificações realizadas pelos seus habitantes em suas simples moradias”.

Tendo como tema a arquitetura e os desdobramentos gerados no processo de urbanização, o trabalho foi realizado em 2012 com base no questionamento sobre como os habitantes dos grandes centros urbanos moldam e configuram os espaços onde vivem, bem como os desenvolvimentos políticos, culturais e econômicos determinam a aparência das cidades. Nas fotos, estão casas e prédios comumente encontrados em áreas periféricas, muitas vezes, como descreve André, “ocupando espaços impensáveis”.

Letícia Lampert e Conhecidos de Vista
A vencedora da categoria “Trabalhos de Inovação e Experimentação na Área de Fotografia” é natural de Porto Alegre e reside em São Leopoldo, também no Rio Grande do Sul. É mestranda em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduada em Artes Visuais e em Desenho Industrial. Participou de salões, mostras, exposições coletivas e já fez três exposições individuais. Segundo ela, seu trabalho, Conhecidos de Vista, coloca em discussão, de forma crítica e poética, a influência que o crescimento das cidades e a especulação imobiliária exerce na forma de ver e se relacionar com o que está ao entorno, com a paisagem urbana, com os vizinhos.

A comissão de seleção do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2012/2013 considerou que o trabalho “possui qualidade técnica e conjuga diversas linguagens artísticas, com base em uma pesquisa conceitual bem fundamentada”. A paisagem das janelas são outras janelas e os vizinhos não se conhecem pelo nome, mas, literalmente, de vista. Tendo fotografado mais de 30 apartamentos em Porto Alegre, Letícia coletou depoimentos, registrados em vídeo, sobre o que os moradores sabiam do vizinho da frente.

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