“... A memória tem a capacidade de
aprofundar as impressões emocionais, tornando-as, então, fonte inesgotável do
trabalho do ator.”
Constantin Stanislavski
Em momentos de intensa criatividade, nossa
memória pode falhar e quebrar a continuidade da linha de transmissão do texto
verbal da peça. Esta preocupação de lembrar-se das palavras, quando um ator
está inseguro de si, priva-o da capacidade de entregar-se livre e inteiramente
à intensidade de seu espírito criador. Ter boa memória é um requisito
fundamental para um ator, já dizia Stanislavski. Em “Memórias e Saberes:
Registro Construtivo e Coletivo na Vivência Teatral”, oficina que será
coordenado pela filósofa e diretora teatral Jocélia Kaffer no seminário Teatro
e Teatralidade: Conversas e Convergências, irá discutir o resgate da memória
afetiva no processo de desenvolvimento pessoal do ator, para a valorização de
sua história em busca de formação técnica e excelência profissional.
“Nossa
arte deve ter uma linha integral e contínua, que provém do passado, atravessa o
presente e vai para o futuro. Só quando um ator chega a uma compreensão mais
profunda de seu papel e a uma visualização de seu objetivo fundamental é que
emerge, aos poucos, uma linha que podemos chamar de um todo contínuo,”
acrescenta Stanislavski.
Jocélia
Kaffer só é pequena. Mas, possui vasta experiência em pedagogia teatral; atriz,
diretora, dramaturga, escritora, poetisa, contadora de histórias, educadora
sociocultural, diretora técnica de produção; diretora do Departamento de Arte e
Cultura do MEPI - Movimento de Educação e Promoção Social de Ilhéus, onde vem
exercendo ações socioculturais no município de Ilhéus desde 1994; ex-diretora
cultural do Conselho de Entidades Afros de Ilhéus; ex-diretora de cultura do
Dilazenze; conselheira do CMDCA – Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente; articuladora cultural e autora dos espetáculos “O Sussurro do
Clitóris” e “Fala Poética do Clown” foi atriz e assistente de produção do
Núcleo de Artes da Universidade Estadual de Santa Cruz durante cinco anos.
Agora,
está à frente deste novo desafio: apontar o caminho construtivo e coletivo na
vivência teatral. Para isso, terá como pano de fundo a memória, principal
responsável quando nós, diretores e atores, estamos em momentos de intensa
criatividade. E, também, os saberes. A experiência é um elemento indispensável
ao bom andamento do trabalho. E, esta só se adquire na vivência. Isto significa
que memória, experiência/saber e vivência formam um tripé capaz de dar
sustentação ao trabalho do ator.
A
experiência faz com que o ator/atriz rememore nos mínimos detalhes algum fato
que no passado tenha impressionado sua emoção. Isto faz com que provoque em si
novamente emoções similares àquela sentida originalmente. “Desta forma, o ator
pode então fazer com que sua memória reviva as sensações que teve outrora”, diz
Stanislavski em seu livro “A Preparação do Ator.” Ele ainda afirma que a
memória tem a capacidade de aprofundar as impressões emocionais, tornando-as,
então, fonte inesgotável do trabalho do ator. O tempo é um esplêndido filtro
para os nossos sentimentos evocados.
É
claro que a memória por si só não transformará o ator. Mas, “uma variedade
infinita de combinações de objetivos e circunstâncias dadas que você terá
preparado para seu papel e que foram fundidas na fornalha da sua memória de
emoções.”
A oficina “Memórias e Saberes: Registro
Construtivo e Coletivo na Vivência Teatral”, será realizada no Seminário Teatro
e Teatralidade: Conversas e Convergências, dia 26 de abril, das 16:00 às 20:00
horas, na Universidade Estadual de Santa Cruz, com apoio institucional da
Fundação Cultural do Estado da Bahia, Secretaria de Cultura do Estado e Governo
do Estado da Bahia. Apoio do SEBRAE e da UESC.
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