O
interesse do Estado grego facilitou para o teatro uma produção cênica
relacionada intimamente a interesses próprios, fomentando formas teatrais
eruditas, em contraposição não há relatos sobre produções populares. Já o
Estado romano, muito preocupado com a questão bélica, mal interferiu na questão
cultural. Mesmo com um pequeno embrião teatral que surgiu quase que
simultaneamente ao grande influenciador grego, Roma deixou a cultura em segundo
plano e o gosto popular encarregou-se de manifestar formas culturais
“marginais”. A predominância é a comédia que durante
o Império Romano (de 27 a.C. a 476 d.C.) a cena é dominada por pantomimas,
exibições acrobáticas e jogos circenses.
Houve também durante o longo
período histórico de dominação dos romanos o surgimento das comédias eruditas
escritas por Plauto (Titus Maccius Plautus, 254-184 a.C.), suas comédias – “Stichus” (200 a. C.) ,
“Miles Gloriosus”
(197 a. C.), “Poenulus” (189 a. C.), “Casina” (180 a. C. )
e
Terêncio (Publius Terontius Afer, 190-159 a.C.), suas comédias – “Andria”, “Hecyra”, “Phormio”, etc foram escritas entre
os séculos III e II a. C. e suas personagens estereotipadas inspiram o
surgimento, por volta do século XVI, aos personagens fixos da Commedia
dell'Arte. Nesse mesmo período eram desenvolvidos os seguintes gêneros
de comédia popular:
· fescenino -
nome originário da palavra latina fescenium=
amuleto, normalmente fazendo referência ao falo (pênis); ou de Fescennia,
cidade etrusca, caracterizando esse gênero com obras organizadas a partir de:
improvisação, canto, dança, recitação e muitas obscenidades
· satura - nome derivado do
verbo latino saturare= fartar, encher
ou de laux ou lanx satura. Trata-se de um gênero organizado a partir de
improvisação: falada, cantada, dançada; música, recitação, bufonarias (espécie
de palhaçada). Era um espetáculo misto, que “tinha de tudo um pouco”
· atelana -
nome derivado de Atellana, região do
sul da Itália – Sicília ou da região de Nápolis
(sic). Trata-se de peça curta, farsesca e que, originalmente, satirizava tipos
e costumes da sociedade de modo bastante apimentado. Composta a partir de
improvisação, tipos fixos, dança e música paródica. Ao passar do tempo passou por
transformações, o gênero substitui a improvisação por textos escritos e roteiros
chamados de canovaccio, os mesmos mais tarde utilizados pela Comédia dell´Arte.
Os tipos fixos ou máscaras mais conhecidos foram: Maccus ou Stupidus; Bucco ou
Baccus; Pappus; Dossenus; Baudus
· pantomima e mímica -
derivação do grego - pantómimos e do
latim - pantomimu. Uma ramificação da
sátira com gêneros derivados das atelanas, substituindo-se o texto falado pelo
gestual, linguagem universalmente entendida, facilitando o entendimento das
cenas que eram articuladas a partir de confusões cômicas, os quiproquós
A tragédia é cheia de situações grotescas e efeitos especiais, o
senador Sêneca é considerado o maior tragediógrafo romano (o único com obras na
íntegra), escreveu obras para serem lidas e não montadas, retomando os mesmos
mitos. Alguns imperadores sanguinários interferiam na concepção do espetáculo
com alto grau de autenticidade exigindo cenas realistas com a execução de um condenado
a morte como personagem, substituindo o ator no exato momento. Até os meados de 56 a.C. as encenações teatrais romanas eram
feitas em teatros de madeira, surgindo
depois construções de alvenaria que ocupavam o centro da cidade. Ao
abrir mão de interferir na produção teatral, o Estado romano investiu na
construção das arenas para grandes espetáculos públicos. Dessa ideia surgem às
lutas entre gladiadores, as batalhas navais, as corridas de quadrigas, as
perseguições de animais aos opositores do regime, dado início aos espetáculos “panem
et circenses” (pão
e circo) que findou-se com a ascensão e o triunfo do cristianismo.
Bob
Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da
USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC,
professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as
quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com
BIBLIOGRAFIA
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John. Mestres do Teatro I; tradução e organização de Alberto Guzik e
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TOZZI, Devanil, et alii. Teatro e Dança:repertórios para a
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