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terça-feira, 27 de março de 2012

HISTÓRIA DO TEATRO II – teatro romano: nada se cria tudo se renova - por BOB MONTELEONE


O interesse do Estado grego facilitou para o teatro uma produção cênica relacionada intimamente a interesses próprios, fomentando formas teatrais eruditas, em contraposição não há relatos sobre produções populares. Já o Estado romano, muito preocupado com a questão bélica, mal interferiu na questão cultural. Mesmo com um pequeno embrião teatral que surgiu quase que simultaneamente ao grande influenciador grego, Roma deixou a cultura em segundo plano e o gosto popular encarregou-se de manifestar formas culturais “marginais”. A predominância é a comédia que durante o Império Romano (de 27 a.C. a 476 d.C.) a cena é dominada por pantomimas, exibições acrobáticas e jogos circenses.
Houve também durante o longo período histórico de dominação dos romanos o surgimento das comédias eruditas escritas por Plauto (Titus Maccius Plautus, 254-184 a.C.), suas comédias – “Stichus” (200 a. C.) ,Miles Gloriosus(197 a. C.), “Poenulus” (189 a. C.), “Casina” (180 a. C. ) e Terêncio (Publius Terontius Afer, 190-159 a.C.), suas comédias – “Andria”, “Hecyra”, “Phormio”, etc  foram escritas entre os séculos III e II a. C. e suas personagens estereotipadas inspiram o surgimento, por volta do século XVI, aos personagens fixos da Commedia dell'Arte. Nesse mesmo período eram desenvolvidos os seguintes gêneros de comédia popular: 

· fescenino - nome originário da palavra latina fescenium= amuleto, normalmente fazendo referência ao falo (pênis); ou de Fescennia, cidade etrusca, caracterizando esse gênero com obras organizadas a partir de: improvisação, canto, dança, recitação e muitas obscenidades
· satura - nome derivado do verbo latino saturare= fartar, encher ou de laux ou lanx satura. Trata-se de um gênero organizado a partir de improvisação: falada, cantada, dançada; música, recitação, bufonarias (espécie de palhaçada). Era um espetáculo misto, que “tinha de tudo um pouco”
· atelana - nome derivado de Atellana, região do sul da Itália – Sicília ou da região de Nápolis (sic). Trata-se de peça curta, farsesca e que, originalmente, satirizava tipos e costumes da sociedade de modo bastante apimentado. Composta a partir de improvisação, tipos fixos, dança e música paródica. Ao passar do tempo passou por transformações, o gênero substitui a improvisação por textos escritos e roteiros chamados de canovaccio, os mesmos mais tarde utilizados pela Comédia dell´Arte. Os tipos fixos ou máscaras mais conhecidos foram: Maccus ou Stupidus; Bucco ou Baccus; Pappus; Dossenus; Baudus
· pantomima e mímica - derivação do grego - pantómimos e do latim - pantomimu. Uma ramificação da sátira com gêneros derivados das atelanas, substituindo-se o texto falado pelo gestual, linguagem universalmente entendida, facilitando o entendimento das cenas que eram articuladas a partir de confusões cômicas, os quiproquós

A tragédia é cheia de situações grotescas e efeitos especiais, o senador Sêneca é considerado o maior tragediógrafo romano (o único com obras na íntegra), escreveu obras para serem lidas e não montadas, retomando os mesmos mitos. Alguns imperadores sanguinários interferiam na concepção do espetáculo com alto grau de autenticidade exigindo cenas realistas com a execução de um condenado a morte como personagem, substituindo o ator no exato momento. Até os meados de 56 a.C. as encenações teatrais romanas eram feitas em teatros de madeira,  surgindo depois construções de alvenaria que ocupavam o centro da cidade. Ao abrir mão de interferir na produção teatral, o Estado romano investiu na construção das arenas para grandes espetáculos públicos. Dessa ideia surgem às lutas entre gladiadores, as batalhas navais, as corridas de quadrigas, as perseguições de animais aos opositores do regime, dado início aos espetáculos “panem et circenses” (pão e circo) que findou-se com a ascensão e o triunfo do cristianismo.
 



  
Bob Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC, professor, diretor teatral e educador ambiental.
Todas as quintas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com


BIBLIOGRAFIA

BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro; tradução J. Guinsburg, Clóvis Garcia, et alii. 1ª Ed. São Paulo, Perspectiva, 2001.
 GASSNER, John. Mestres do Teatro I; tradução e organização de Alberto Guzik e J. Guinsburg, 3ª Ed. São Paulo, Perspectiva, 1997.
 PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro; tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo, Perspectiva, 1999.
 TOZZI, Devanil, et alii. Teatro e Dança:repertórios para a educação – linha do tempo, v.1. São Paulo, FDE, 2010.