Nhô
Guimarães é uma adaptação do romance homônimo de Aleilton Fonseca, escritor
grapiúna membro da Academia de Letras da Bahia, para a linguagem teatral. O
livro foi concebido em 2006, como forma de homenagear os 50 anos de publicação
de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. O espetáculo, em forma de
monólogo, transpõe para o palco a vida, as ideias e a mítica do nosso sertão,
privilegiando a linguagem falada rica em neologismos, recheadas de palavras
incomuns, próprias dessas regiões. Esse tratamento é mantido na encenação como
forma de valorização da diversidade linguística, existente na língua
portuguesa.
A
estória é apresentada através dos causos contados por uma senhora octogenária a
um visitante. Entre uma estória e outra, a personagem cita a presença de um
amigo do falecido marido, Nhô Guimarães, senhor de jeitos elegantes, que sempre
os visitava, com "seu ouvido bom de ouvir causos e seus óculos pretos de
aros redondos". Uma referência direta ao escritor mineiro João Guimarães
Rosa. Enquanto relata suas lembranças, a velha desenvolve ações cotidianas,
como coar um café, fazer bolinho de feijão, fumar cachimbo, busca-se criar uma
transposição de quem assiste para o ambiente do cotidiano interiorano.
Em
2008, ano em que se comemorou o centenário do escritor mineiro, João Guimarães
Rosa, o Núcleo Criaturas Cênicas de Salvador, realizou a adaptação do romance
Nhô Guimarães, lançado em 2006 pela Bertrand Brasil, para a linguagem teatral.
A adaptação foi realizada por Deusi Magalhães e Edinilson Motta Pará, atriz e
diretor desta montagem, que teve sua pré-estréia no teatro do IRDEB em novembro
de 2008 e foi um dos vencedores do Programa BNB de Cultura/2009, com o projeto
Nhô Guimarães Pelo Sertão.
Aleilton Fonseca
O
autor de Nhô Guimarães é natural de Firmino Alves e ilheense de coração, tendo vivido
em Ilhéus de 1964 a 1979, quando se mudou para Salvador, para estudar na UFBA. Estudou
no Grupo Escolar Dom Eduardo, da Ponta da Pedra, de 1966 a 1970. De 1971 a 1976
estudou no Colégio Estadual de Ilhéus, no Malhado. Entre 1977 e 1978 estudou na
EMARC, em Uruçuca, onde fez o curso de Técnico de Agrimensura. De 1975 a 1978
fez parte da extinta Filarmônica Santa Cecília, em Ilhéus, na qual tocava
clarineta. Em 1978, passou no vestibular de Letras da UESC (FESPI, na época) e
na UFBA, e resolveu mudar-se para Salvador.
Desde antão, todos os anos volta a Ilhéus para rever a cidade, amigos e
parentes. Ainda em Ilhéus começou a escrever e tomou gosto pela literatura de
Jorge Amado, Adonias Filho e Hélio Pólvora. Publicou seus primeiros textos no
antigo Jornal da Manhã, de Ilhéus, entre 1977 e 1979. É professor da UEFS e
membro da Academia de Letras da Bahia.