Fragmentos da Monografia “Teatro e Educação Ambiental: expectativas renovadoras”
“Determinada pessoa pode
cultivar uma atitude ecológica, mas, por vários motivos, seguir mantendo hábitos
e comportamentos nem sempre em conformidade com esses ideais.” (Cf.
Carvalho, 2004, p.178)
Esse
é um grande impasse que não ocorre só na EA: Procurar aliar atitude e
comportamento.
No
caso do teatro-educação, procuramos sensibilizar o aluno quanto à teia de
relações que envolvem o ambiente que nos circunda, em que estão envolvidas
nossas práticas individuais, situando-o frente às questões levantadas no
cotidiano de cada participante, desenvolvendo uma percepção quanto à
necessidade de atitudes ecológicas, levando-os sempre a assumir um papel que
não é só do poder público, e sim de todos. Visando com isso uma percepção mais
aguçada do ambiente que os circundam, quer seja a escola, as ruas da cidade, as
praças, ou até mesmo seus lares, contribuindo assim, para uma mudança em suas
atitudes e comportamentos.
“A pesquisa do Instituto Ecoar (Trajber e
Manzochi, 1996) sobre os materiais impressos no Brasil demonstra como as
escolhas entre enfatizar o comportamento ou o engajamento do sujeito em ações
cidadãs no campo ambiental se refletem na produção escrita desse campo. A
analise realizada pela lingüista Eni Orlandi nesse estudo alertou para os
aspectos imediatistas e doutrinários, que acarretam o fechamento do discurso,
de uma EA pautada por pressupostos comportamentais. Orlandi destacou ainda o
silêncio dessa EA sobre a produção social dos problemas ecológicos e sua
tendência a culpabilizar os indivíduos, como se todos fossem igualmente
responsáveis pelos efeitos da degradação ambiental.” Cf. TRABJER,
Rachel; MANZOCHI, Lucia Helena. Avaliando
a Educação Ambiental no Brasil: materiais impressos. In: CARVALHO. Isabel C. de
Moura. Educação Ambiental: a formação do
sujeito ecológico. São Paulo, Cortez, 2004, p. 184
Partindo
desse pressuposto, nos preocupamos com a formação de sujeitos ‘politizados’,
capazes de agir criticamente na sociedade, durante as relações de aprendizagem;
ou conforme Isabel de Carvalho, “desnaturalizar”, como um exercício de trocar
as lentes, passando a enxergar as mesmas paisagens com olhos diferentes. (Cf.
Carvalho, 2004, p. 34)
Essa
troca de lentes é possível através do teatro, pois os diferentes pontos de
vista e as diferentes leituras e respostas nos exercícios propostos é que
diferenciam o processo de aprendizagem, buscando sempre diferentes formas de
interagir criativamente, provocando novas compreensões nessas relações, fazendo
questionamentos acerca de idéias descontextualizadas e concepções comodistas,
instigando, assim, o pensamento crítico referente aos problemas ambientais.
Comparando-se
a EA contemporânea com o processo teatral é que percebemos as possibilidades de
mudanças tanto na esfera do coletivo quanto no individual, pois com a abertura
de um espaço para se discutir e abordar de forma crítica as questões levantadas
é possível correlacionar a apreensão do conhecimento com a complexidade das
questões socioambientais da localidade, pois os mais divergentes pontos de
vista serão explicitados na esfera do ficcional, possibilitando um melhor
entendimento através do fazer teatral.
CARVALHO,
Isabel C. de Moura. Educação ambiental: a
formação do sujeito ecológico. São Paulo, Cortez Editora, 2004.
RODRIGUES, Robert Alexandre.Teatro e Educação Ambiental:
expectativas renovadoras. São Paulo, 2004. 60 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de
Licenciatura em Artes Cênicas) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade
de São Paulo.
Bob Monteleone, é licenciado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, pós graduado em Docência no Ensino Superior de Turismo, Hotelaria e Lazer-SENAC, professor, diretor teatral e educador ambiental. Ministra cursos e oficinas de teatro por toda região sul baiana.
Todas as semanas ele escreve sobre Teatro Educação aqui no EUVEJOARTE.blogspot.com
fonte da imagem: http://www.institutoestre.com.br/educacao
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