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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Elenco da nova montagem do TPI segue com preparação em ritmo acelerado


A preparação do elenco para o espetáculo 1789 – Engenho de Santana – Uma Revolução Histórica segue a todo vapor. Após as pesquisas históricas, através de encontros com especialistas sobre a Ilhéus colonial, no projeto de debates Improviso, Oxente! os atores, atrizes e músicos do Teatro Popular de Ilhéus (TPI) imergem cada vez mais na atmosfera da revolução dos escravos. O grupo ensaia quatro vezes por semana, às segundas e quartas-feiras na Casa dos Artistas e às terças e quintas-feiras no Terreiro Matamba Tombenci Neto.
           

O último Improviso, Oxente! foi com o historiador Marcelo Henrique Dias, que trouxe fragmentos da carta de reivindicações escrita por Gregório Luis, líder dos escravos do Engenho de Santana, em 1789. O documento apresenta 19 exigências para negociações. “É um dos poucos testemunhos escritos pela pena de um escravo”, destacou o pesquisador. O doutor em História também exibiu e comentou algumas correspondências de padres jesuítas que passaram pelo Engenho e descreviam o dia a dia do local.
           
Segundo os documentos, os escravos do Engenho de Santana viviam a relação de trabalho chamada de “brecha camponesa”. Esse sistema permitia certa autonomia aos cativos, que dispunham de lotes de terra para plantações de próprio consumo e comercialização. “Era um incentivo para que continuassem trabalhando”, explicou Dias.
           
O elenco já iniciou o processo de criação dos mondrongos, técnica utilizada pelo TPI como uma deformação da realidade. Em função isso, os artistas tentam equilibrar pedrinhas imaginárias no pescoço, cotovelos e joelhos. “Para que o público veja a realidade, é preciso que os atores se deformem”, explica o autor e diretor Romualdo Lisboa.
             
A palavra mondrongo é definida pelos dicionários como “monstrengo; pessoa deformada” e aparece no poema Iararana, de Sosígenes Costa. Ele descreve o “bicho mondrongo” como a visão dos índios sobre os colonizadores europeus.
           
 Além de criarem seus personagens disformes, o elenco também participa de experimentações de dança e música afro com o Grupo Afro Cultural Dilazenze e Orquestra Afro Gongombia, ambos ligados ao Terreiro Matamba Tombenci Neto. O autor do espetáculo também não está perdendo tempo e aproveita a inspiração do processo criativo dos artistas para escrever o texto, que ganha suas primeiras dezenas de páginas. A peça foi uma das contempladas pelo edital setorial de teatro do Fundo de Cultura da Bahia e deve estrear em março de 2013.

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