Amauri Oliveira, ator ilheense, 24
anos. Mora em Salvador há três anos e, de lá, tem mostrado sua cara Brasil
afora nos palcos de Teatro e nas telas de cinema e TV. Acabou de participar do
seriado “Como aproveitar o fim do mundo”, da TV Globo, no qual contracenou ao
lado de Danton Melo, Aline Moraes e Maria Eduarda.
Nesta entrevista, Amauri conta sua trajetória, sua experiência nessa produção e suas expectativas para o ano que vai chegar – já estreando em janeiro em “Éramos Gays” com texto de Aninha Franco, dirigido por Adrian Steinway, um musical que tem parceria com a Broadway.
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Como foi sua aproximação com o Teatro?
Quando eu estudava no Colégio Estadual de Ilhéus, eu
assistia a algumas peças que aconteciam lá que eram feitas pela professora de
teatro Valdiná Guerra. Eu sempre perguntava a ela quando ia ter peça, isso era
na oitava série ou primeiro ano... Aí ela me indicou para participar da peça
“Amigas de breves e longas datas”, e eu fiz o teste com mais ou menos 20 ou 30
pessoas concorrendo na audição e passei. Eu fazia dois personagens: um era
apaixonado pelo outro, mas eles não se encontravam (risos), foi bem bacana. A
peça era dirigida por Gildon Oliveira. Essa peça nós apresentamos no Teatro
Municipal de Ilhéus.
Mas eu lembro que quem me apresentou mesmo ao teatro, quando
eu era garoto, foi a mãe de meu amigo André, ela se chama Dona Vânia, que nos
levava ao teatro desde pequeno para assistir, e aí, como espectador, fui me
interessando pela arte.
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Quais os trabalhos que mais ficaram marcados nesse início de carreira?
Além da peça “Amigas de breves e longas datas”, fiz uma peça
na escola, com a professora Valdiná Guerra, que foi a “Via Sacra em Versos”, na
qual eu interpretei Jesus. Foi muito marcante pra mim.
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Como nasceu o interesse em cursar artes cênicas na UFBA?
Eu, inicialmente, queria mesmo era fazer teatro, não
necessariamente fazer um curso superior. Tem um curso livre de teatro, que é um
curso de menor duração, aqui em Salvador, que me interessei em fazer. Mas, logo
depois, percebi que seria mais proveitoso para mim, no quesito experiência,
pelo desejo de conhecimento e aprendizado, fazer um curso superior. Aí eu fiz o
vestibular para Artes Cênicas, e no curso, além da prática, pude teorizar
também, aprendendo sobre Stanislavski Grotowisk, Brecht.
- Como era seu trabalho como ator
aqui em Ilhéus? Como foi chegar em Salvador e conseguir viver de sua arte?
Antes de vir para Salvador, trabalhei três anos na Casa dos
Artistas, com o Teatro Popular de Ilhéus e com a Cia Boi da Cara Preta. Também
já trabalhei com animação de festas, como palhaço.
E, ao longo desses três anos aqui, tenho aprendido muito. A
UFBA me deu muito apoio, me deu residência universitária, um estágio em Teatro,
os professores e mestres, muitas oportunidades vieram daqui.
Bom, o ator é um autônomo, né? Tem que trabalhar para
sobreviver. E eu vou em busca. Aqui participei do Bando de Teatro Olodum, no
qual fiz “Cabaré da Raça”, convidado pelo Márcio Meirelles, pra fazer uma
substituição. Fiz também algumas audições para cinema (“A Coleção Invisível”,
onde atuei ao lado de Vladimir Brichta), fiz outras audições pra outras peças
também.
- Sabemos que você foi selecionado,
dentre muitos atores, para o musical “Éramos Gays”. Como é fazer uma proposta
diferente para o público baiano?
Participei da audição de “Éramos Gays” em maio deste ano.
Esse musical tem o texto de uma dramaturga muito famosa, a Aninha Franco, daqui
de Salvador, e direção do Adrian Steinway. A produção tem parceria
com a Broadway, um dos coreógrafos oficiais é o do seriado Glee. O musical tem data prevista de estréia no dia 11 de janeiro
de 2013, no Teatro Módulo, em Salvador.
Estou “me jogando”
nessa proposta! (Risos). Está sendo uma experiência fantástica, essa mistura de
elementos e pessoas da Bahia com o olhar estrangeiro também, no caso do
coreógrafo e do diretor. O musical traz à tona a questão dos gêneros, da
necessidade de ver o ser humano além de sua sexualidade, da liberdade das
pessoas de viverem o que desejam, além de outros assuntos que são abordados,
tudo de forma divertida, alegre. Estou adorando e na expectativa da estréia.
Acho que o público vai gostar muito, todo mundo quer saber no que vai dar essa
montagem.
- Como se deu o diálogo para atuar
na Globo fazendo “Como Aproveitar o Fim do Mundo”?
Eu estava fazendo o espetáculo” Cabaré da Raça”, com o Bando
de Teatro Olodum e aí um dos olheiros da TV Globo, o Lauro Macedo, assistiu ao
espetáculo e logo depois recebi um telefonema dele, pois ele estava fazendo
seleção de elenco para a novela “Gabriela”. Então ele me convidou para fazer um
teste de vídeo, e eu fiz. Não estive no da novela, mas acabei sendo convidado
depois pelo diretor José Alvarenga Júnior, para participar do seriado “Como
aproveitar o fim do mundo”. Isso foi no começo de setembro, quando eu recebi
uma ligação de uma produtora de elenco da TV Globo perguntando se eu tinha
interesse em fazer o seriado. Então, me dividi nos meses de outubro e novembro,
entre a gravação do seriado no Rio de Janeiro, no Projac, e o ensaio de “Éramos
Gays”.
Como você avalia essa experiência?
Claro que nos sentimos envaidecidos sendo convidados para
trabalhar, mas temos que manter o pé no chão, lembrando que esse é mais um
trabalho de tantos outros que aparecerão.
O diretor foi muito generoso comigo, teve paciência de me
explicar e mostrar como era cada cena, agradeço muito por essa tranqüilidade e gentileza
dele, eu tive muita sorte com isso!
Me senti abraçado pelos outros atores, o Danton Melo, Aline
Moraes e Maria Eduarda, me ajudaram, me respeitaram, me davam conselho. Só
tenho a agradecer. Literalmente, aproveitei o fim do mundo (risos).
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Qual sua análise na produção artística em nossa região?
Falta administração por parte do governo. Eu acredito muito
no Teatro e nós temos grandes artistas na região, grandes trabalhos, a exemplo
do Teatro Popular de Ilhéus, na Casa dos Artistas, que está sempre aberta para
quem quer fazer teatro. Temos o trabalho persistente e muito bom do Fábio
Nascimento, e dos meninos da Cia Casa Aberta de Teatro: Ruy Penalva, Germano
Lopes, todos nessa vontade de criar um movimento deles para o teatro.
Bom, o governo que investe na arte investe no povo, pois o
artista faz um trabalho para o povo, o artista investe a sua arte no povo.
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Quais são seus objetivos para 2013?
Bem, em janeiro, estou na expectativa de estrear o musical
“Éramos Gays”! Depois disso, estou aberto a novas experiências, tanto no
teatro, quanto na TV ou no cinema: estou aberto ao aprendizado, sempre.
No mais, tenho muita saudade de Ilhéus, se eu pudesse suprir
as minhas necessidades como artista por lá, eu permaneceria, pois sempre tive
vontade de fazer teatro, TV, cinema. E, por fim, deixo uma mensagem para meus
amigos atores: acreditem no seu desejo de fazer sua arte, no Teatro! Persistam,
que vai dar certo!
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Tacila Mendes, 26 anos, é comunicóloga e especialista em Audiovisual pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Além de fotografar e dar aulas nesta área, se envereda pela produção cultural da região, escrevendo projetos para captação de recursos e trabalhando também como assessora de imprensa. Fez parte da equipe da 1ª e da 2ª MUSA – Mostra Universitária Salobrinho de Audiovisual; do projeto Afrofilisminogravura; do 1º Festival de Cinema Baiano - FECIBA; o Bahia Sound System e do Memórias do rio Cachoeira.
Gosta também de cantar e faz parte do projeto "Mulheres em Domínio Público", do qual é uma das quatro intérpretes. Foi eleita Conselheira Municipal de Cultura de Ilhéus no setor de Audiovisual (2011).
Como gosta de conhecer gente, seus estilos e formas de pensar, lugares e tudo que lhe parece diferente e interessante, propõe um papo "Entre Vistas" a fim de descortinar esses mundos...
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