Início

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Carta - por PEDRO PAULO


Madrugada que passa, uma noite em que olhos ficam de pé pela simples teimosia de manter-se acordado. É difícil dormir quando você fica remoendo pensamentos, coisas, fatos, sonhos fragmentados na sua cabeça. Tudo te martela e te obriga a cuspir ou simplesmente despejar de forma desordenada quaisquer possibilidades de sono, e com ela sobrevêm toda aquela torrente de idéias que você trava no seu imaginário mental diariamente.
É assim que eu começo para poder falar de algo básico: Sentimento. E é sobre isso que escrevo para você, hoje, nesse exato momento. Acontece que se descobre que se gosta assim, no meio da noite, um estalo, uma batida diferente no seu peito já diz tudo. Não sabia lidar com isso. Aliás, nunca soube. Ainda hoje tropeço meio sôfrego em busca de alguma linearidade que me ajude a lidar com quaisquer sentimentos que brotem aqui.
Acontece que eu descobri que eu gosto de você. Acontece que essa preocupação que invade meu peito (assim como muitas já tiveram esse privilégio) é carinho, afeição, é um cuidar-te quase ao que tenho por mim mesmo, até. Sinto seus pensamentos próximos de mim, e a menção tua na minha mente é o suficiente para momentos de quase telepatia. Descubro quem tu és pelo teu olhar, pela tua careta quando faz o que não gosta, quando não tem tua liberdade. 
E essa liberdade tua que me encanta, me chama atenção, me faz te admirar assim, em silêncio. E nem eu sei explicar bem por quê.
Porquê.
Não te admiro para subjugar-te, não te quero próxima a mim como mera reprodutora dos meus anseios, mas sim como uma pessoa que possa ser complementada e ter sua própria solidão – como já diria rilke – ainda mais rica, mais brilhante, e nesse brilho da tua, da nossa solidão possamos ser pessoas ainda mais fortes mesmo que distantes uma da outra. 
Isso que eu sinto não é apego, não é carência, é com certeza algo bonito que, guardado em silêncio, e jogo sobre você todas as vezes que te vejo, como um perfume, pois é dessa forma que mereces esse sentimento: em doses pequenas, sutis, mas marcantes o suficiente para que todos notem o quão linda tu ficas quando tem em tua alma esse perfume.
Um beijo, 
P.


 
 
 Pedro Paulo é estudante, escritor, pensador nas horas vagas e poeta quando a inspiração vem. Há 14 anos vive na Bahia, terra que o inspira e onde nasceram seus primeiros versos. Seu blog pessoal é www.pedropaulo.blogspot.com

Nenhum comentário: