Tudo
começou no dia 22 de fevereiro de 1986. Me lembro como se fosse hoje... no
carnaval deste ano, chamei meu irmão Vane Rodrigues e falei a ele da minha
ideia de criarmos um grupo afro que tivesse suas raízes fincadas no Terreiro
Matamba Tombenci Neto, celeiro da fundação de vários grupos afros entre eles o
Lêgue De Pá, um dos primeiros blocos afros de Ilhéus (1980) Nesta mesma semana
convocamos uma reunião no salão principal do Terreiro Matamba com alguns
parentes e amigos da comunidade, todos jovens e adolescentes para falarmos da
ideia de criar mais um grupo afro em Ilhéus. Participaram dessa primeira reunião: Marinho Rodrigues, Vane
Rodrigues que viria a ser o primeiro presidente
do Dilazenze, Ney Rodrigues, Gilson, Vado, Bel, Neide, Arival, Dinho,
Cidão, Cida Pimenta, Ceiça, Claudia, Sergio Pereira ,Márcia, Sandra ,Bete, Termi,
Gleide, Zelito, Tonho, Bal, Vida, e Toinho. O desafio destes jovens era criar
um grupo com ações diferentes dos já
existentes na cidade.
Assim
começo a história do Dilazenze que já começa com a escolha do nome ao qual o grupo viria a ser batizado (Dilazenze Malungo) Dijina (nome no
candomblé) de um africano de nome Hipólito Reis que faz parte da história do
Terreiro Matamba onde o Dilazenze nasceu. O Dilazenze tinha como Nkissi (Orixá)
de cabeça Nzazi (Xangô) por este motivo no aniversario do grupo Dilzenze é
servido um Amalá para os associados e convidados.
O nome Dilazenze foi apresentado por mãe Ilza Mukalê que contou a bela historia
deste africano e o seu envolvimento com a história do Terreiro para que nós
escolhêssemos entre outros tantos o nome que seria chamado o nosso grupo.
A
estrada seria muito árdua. Sabendo disso convocamos nossa mãe Ilza Mukalê,
matriarca do Terreiro Matamba, para ser a nossa líder religiosa e a nossa
conselheira que com seu prestigio na sociedade abriria as portas daqueles
jovens que precisavam para colocar em prática seu projeto.
Assim
foi feito. No mês de abril do mesmo ano o Dilazenze já realizava sua primeira
apresentação em público. Essa primeira apresentação foi realizada no Terreiro Matamba
em tarde memorável. Havia tanta gente que o barracão do Terreiro ficou pequeno.
Aí caiu a ficha e falei pra mim mesmo: agora não dá para volta atrás, é seguir,
pedindo à Ogum que vá à frente abrindo os caminhos para que possamos seguir com
a nossa missão que é de luta e preservação a cultura negra no nosso município e
ainda preservar a história do Terreiro de Matamba Tombenci Neto.
Não
posso aqui deixar de citar algumas pessoas importantes nesses 27 anos de luta e
história do Dilazenze como, Emerson Tavares presidente do Sindicato dos Estivadores
de Ilhéus, Francisco Cardoso (Chicão) e sua esposa Carminha Cardoso do antigo
jornal Diário da Tarde, Quinto de Sousa, Jamil Ocké, Pai Pedro Farias, Jabes
Ribeiro, entre outros.
Hoje
o Dilzenze é uma referencia em Ilhéus e na região por seu trabalho sério e
comprometido com as lutas dos movimentos sociais. Vida longa ao Dilazenze. Parabéns e meu muito
obrigado a todos e todas que acreditaram no nosso sonho, que hoje é uma
realidade. Fiquei aqui a noite pensando como expressar um pouco dessa minha
felicidade em conseguir ver esse filho completar 27 anos, não é pra todo mundo
não! Obrigado a todos os fundadores do Dilazenze.
Quem
nasce Dilazenze morre Dilazenze! (Marinho Rodrigues)
Marinho
Rodrigues é produtor cultural e ativista do Movimento Negro
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