Desde
o mês de dezembro de 2011 o terreiro de Matamba Tombenci Neto encontra-se em
reforma. Entre outras benfeitorias, o objetivo principal dessa reforma é a
recomposição de paredes e alvenarias,nova estrutura de sustentação do
telhado,instalações elétricas, troca dos telhados (que estão sendo substituídos
em parte por telhas de cerâmica e em parte por novas telhas Eternit. Trata-se
de tornar o Terreiro ainda mais bonito e mais confortável, além de continuar
garantindo a segurança de todos os que o frequentam.
Parte
das despesas dessa reforma está sendo financiada pelo “Prêmio Culturas
Populares” (conferido pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural
do Ministério da Cultura aos produtores de manifestações das culturas populares
brasileiras) ganho pelo terreiro em 2010.A outra parte está sendo financiada
por contribuições e doações de amigos, filhos e filhas-de-santo do terreiro, e por
meio de eventos culturais realizados com a finalidade de angariar mais verbas
para a conclusão das obras.
É
com essa finalidade que a coordenação do projeto Otambí realizará no dia 01 de
abril um Otambí Solidário em prol
das obras de reforma do Terreiro Matamba Tombenci Neto.
O
evento consistirá em um grande show realizado na quadra do Bloco Afro Dilazenze,
no Alto da Conquista,apartir das 14H com as Bandas: Sambaguá,
SambaDila,Orquestra Gongombira,Macaco Santo(Projeto paralelo da banda OQuadro),Samba
de Gueto, Ky Dance, e Street Love — entre outras atrações. Os ingressos para o
eventojá estão sendo vendidos ao preço de R$ 3,00 (três reais) na sede do
Dilazenze.
Este
evento é muito importante para a conclusão das obras de reforma do Terreiro,
possibilitando assim a retomada de seu calendário religioso e cultural, que
começará em julho com os festejos de Zumbarandanda (Nãnã) e com tradicional
feijoada de Inkôssi (Ogum).
Pequeno Histórico do Terreiro Matamba
Tombenci Neto
O
Terreiro de Matamba Tombenci Neto, terreiro de candomblé de nação angola, tem
uma longa tradição na cidade de Ilhéus-BA. Dirigido hoje por Mameto Mukalê
(Ilza Rodrigues), a casa já possui quase130 anos de história. História que teve
início ainda no século XIX, mais precisamente no ano de 1885, quando Tiodolina
Félix Rodrigues, a Nêngua de Inkice Iyá Tidú, avó de Mameto Mukalê, fundou o
Terreiro Aldeia de Angorô.
Hoje,
o Terreiro é um dos mais destacados representantes das casas de religiões de
matriz africana em Ilhéus e em toda Bahia. E é também uma referência social e
cultural para a comunidade da Conquista, bairro onde está situado e para toda a
cidade de Ilhéus.
No
âmbito cultural e social, o Terreiro sempre foi sede de atividades como
palestras, debates, encontros, apresentações musicais, teatrais, de dança, exposições,
sessões de cinema, e assim por diante.
Além
de, no passado, ter abrigado um afoxé, a partir de 1986, o Terreiro foi o palco
da constituição e do desenvolvimento do Grupo Cultural e Bloco Afro Dilazenze,
que, ao longo dos anos, tem desenvolvido uma série de atividades sociais e
culturais, além de brilhar no carnaval de Ilhéus. Em 2004, o Tombenci foi
também o espaço em que foi criada a Organização Gongombira de Cultura e
Cidadania, uma Organização Não-Governamental (ONG), sem fins lucrativos, cujos
objetivos primordiais são a preservação, valorização e divulgação da cultura
negra na sociedade, bem como a luta contra o racismo e a discriminação.
Em
março de 2005, foi criada ainda a Associação Beneficente e Cultural Matamba
Tombenci Neto, com a missão de proporcionar ao Terreiro uma atuação mais
efetiva visando ao bem-estar de sua comunidade. Dentre alguns dos seus
principais objetivos, estão: desenvolver projetos e atividades beneficentes que
visem à promoção gratuita de ações culturais, educacionais,
profissionalizantes, de entretenimento e lazer para a comunidade e todo o seu
entorno; e colaborar na elaboração e desenvolvimento de projetos e atividades
relacionadas aos campos da geração de renda, saúde coletiva, desenvolvimento
sustentado e preservação do meio ambiente.
Em
novembro de 2006, foram criados e inaugurados o Memorial Unzó Tombenci Neto,
que reúne material oriundo da longa história do Terreiro, e a Galeria Ingué
Kaitumba, que expõe fotografias dos antepassados e líderes do Tombenci. Em 2011
o Terreiro ganhou um ponto de leitura, a Biblioteca Valentim Afonso Pereira (Tata
Kandemburá) A preocupação com a preservação do patrimônio do Terreiro também
está presente em relação aos elementos considerados imateriais. Para isso, o
Tombenci Neto tem realizado gravações de seu repertório na própria realização
das festas e também para registro de toques e zuelas(cantigas) durante as
oficinas de canto e percussão oferecidas pelo Terreiro. Essas oficinas visam
não somente o ensino da percussão, mas, principalmente, a garantia da
preservação desse patrimônio, promovendo o conhecimento dos diferentes toques
relacionado ao caráter religioso que possuem. Além das oficinas, essa
preocupação também está presente no Projeto Mãe Ilza Mukalê.
A
Associação Beneficente e Cultural Matamba Tombenci Neto também visa a
preservação e divulgação do candomblé de nação angola, fomentando o respeito ao
legado de seus antepassados, exercendo a caridade de acordo com os preceitos do
rito angola e divulgando a sabedoria e o conhecimento acumulados ao longo de
sua história.
Contatos:(73)8809-3958/3086-1871