Para
entender o enunciado acima, é preciso primeiro entender o conceito de
Política. A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam
organizados em cidades-estado chamadas “polis”, nome do qual se
derivaram termos como “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos
cidadãos, pertencente aos cidadãos). No sentido comum, vago, e às vezes
um tanto impreciso, política, como substantivo ou adjetivo, compreende
arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um
partido político, pela influência da opinião pública, pela aliciação de
eleitores. É o que diz a Wikipédia.
Pois
bem, tomando-se política no sentido etimológico do termo,
concordar-se-á que todo Teatro é necessariamente político, visto que ele
insere os protagonistas na cidade ou no grupo. A expressão designa, de
maneira mais precisa, o teatro de agit-prop (termo proveniente do russo
agitatsiya-propaganda/agitação e propaganda. É também uma forma de
animação teatral que visa sensibilizar um público para uma situação
política ou social, como as peças “Teodorico Majestade” e “O Inspetor
Geral”, do Teatro Popular de Ilhéus), o teatro popular, o teatro épico
brechtiano e pós-brechtiano, o teatro documentário, o teatro de massa, o
teatro de político-terapia de Augusto Boal. Estes gêneros, segundo
Patrice Pavis, têm características comuns a uma vontade de fazer com que
triunfe uma teoria, uma crença social, um projeto filosófico. A
estética é então subordinada ao combate político até o ponto de
dissolver a forma teatral no debate de ideias.
Toda
essa premissa fez-me analisar situações na Política do Teatro onde
encontramos atores, atrizes e, sobretudo, diretores, que acreditam no
processo de criação como a arte de fazer de qualquer jeito, para um
público que ver de qualquer jeito. E não é diferente do Teatro da
Política onde se faz de tudo para se alcançar um objetivo, mesmo que os
meios ou os princípios precisem ser ignorados. Não sei fazer política –
como bem a entendem meus amigos Silmar e Odilon – mas, por força do meu
trabalho, faço política na arte em que exerço. Não, por uma questão de
princípios, mas, por entender que ela não está separada da Cultura.
Mesmo que alguns intelectuais ou artífices pensem de forma divergente.
Afinal,
faço política desde que montei minha primeira peça “politicamente
incorreta”: A Piranha e o Baiacu, em 1988. É fato que, se Antonio
Olímpio tivesse assistido, diria que criar um prato com esses peixes,
seria algo, no mínimo, esdrúxulo. Embora a peça trata-se de um tema
conhecido de todos: o amor impossível.
Por
fim, tanto no Teatro, como na Política, estabelecemos um jogo onde são
lançadas as peças. Entretanto, não devemos esquecer que – como bem
afirmou Maquiavel – a Política é a arte de conquistar, manter e exercer o
poder.
O Teatro é a arte de conquistar, manter e exercer uma atividade em busca de sentido.
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